O Pintassilgo, adaptação do livro vencedor do prêmio Pulitzer (2014) de Donna Tart, conta com um elenco hollywoodiano de primeira, uma história intrigante e personagens intensos. O problema é que tudo foi mal aproveitado e nem isso compensa os problemas que encontramos durante suas duas horas e meia de duração.
O longa dirigido por John Crowley, indicado ao Oscar por Brooklyn (2015), e roteirizado por Peter Straughan (O Espião que Sabia Demais e Boneco de Neve) consegue nos prender até certo ponto, você se perguntar como a história vai acabar ou qual caminho eles irão seguir, caso tenha lido o livro, mas isso não impede que o filme, ao terminar, te deixe com a sensação de ser uma obra longa demais e em tanto momentos tão lenta que acaba por se tornar cansativa.
O Pintassilgo conta a história de Theo Decker (Ansel Elgort / Oakes Fegley), um garoto que vê sua vida mudar por completo após ver sua mãe morrer em um atentado a um museu. Por conta disso, para lembrar do momento e para manter um certo vínculo com sua mãe, Theo decide levar consigo o quadro O Pintassilgo, do artista holandês Fabritius, que também morreu por conta de uma explosão de bomba. Assim, a polícia e a perícia definem que o quadro acabou virando cinzas em meio a tanto outros.
Após isso, Theo passa a morar com a família rica de seu melhor amigo e conta com a ajuda do Sr. e da Sra. Barbour para passar por esse momento difícil. Aqui temos Nicole Kidman, no papel da Sra. Barbour, dando um show de atuação como sempre. Nesse meio tempo, ele conhece Hobie, o dono de uma loja de antiguidades, que se torna seu mentor e um grande amigo.
Larry (Luke Wilson), o pai de Theo, junto de sua esposa Xandra (Sarah Paulson), volta para a cidade para buscá-lo e levá-lo para Las Vegas. Lá ele encontra Boris, interpretado por Finn Wolfhard, um garoto ucraniano que acaba se tornando seu amigo e alguém que influenciará e muito no futuro de Theo. Durante todo esse tempo, o garoto leva o famoso quadro de Fabritius, embrulhado em jornais, para onde vai.
Dentro de toda essa história temos cortes secos que fazem a passagem de tempo entre Theo criança e o Theo adulto. E talvez por conta dessa rapidez, em nos mostrar os dois lados da história, o longa acaba se tornando raso, sem ir a fundo em cada personagem.
Por falar em personagem, aqui temos atores geniais dando o melhor de si em papéis coadjuvantes, mesmo à margem de um roteiro que insiste em nos apresentar novos personagens com uma rapidez incômoda, apenas por estarem na história original, ao invés de desenvolver melhor os outros personagens, para que possamos entender realmente cada um deles.
Ainda assim, O Pintassilgo pode se vangloriar por conseguir nos mostrar os efeitos que cada um dos personagens tem sobre a vida de Theo, e como esse efeito culmina para tornar o protagonista em quem ele é. Ansel Elgort até tenta, mas não consegue nos passar os problemas e os sentimentos de um Theo que está perdido, triste e sozinho após tantos traumas.
O maior problema de O Pintassilgo é se apoiar demais em estrelas de Hollywood com um roteiro fraco em mãos. O mérito por toda a história e por toda a criatividade em torno dela, continua sendo de Donna Tart e sua genialidade. O roteiro raso e a falta da edição em algumas partes, tornam o filme arrastado demais em alguns momentos e superficial em outros.
Deixe um comentário