Dorothy tem que morrer é o livro de entrada de Danielle Paige no mundo da literatura. A roteirista de programas como Days of our lives (Hey, how you doin?) e The guiding light entrega uma obra que desperta a curiosidade do leitor sobre a releitura da clássica obra, mas falha no desenvolvimento de seus personagens, conforme explicarei abaixo.
Na trama, Amy, uma garota do Kansas, é levada por um tornado para o mágico mundo de Oz, encontrando um cenário bem diferente da clássica obra de L. Frank Braum. Encontrando um mundo sombrio e devastado, Amy acaba descobrindo que a responsável por tudo isso é Dorothy, a primeira garota do Kansas a visitar Oz.
Dorothy se tornou uma governante cruel, que maltrata, oprime e drena a magia de Oz. Não bastasse a tiraria de Dorothy, outros personagens da clássica história transformaram-se em seres igualmente cruéis. O Leão Covarde é uma fera sedenta por sangue, o Homem de Lata tornou-se um soldado de confiança da governanta e o Espantalho agora é um gênio maquiavélico que lembra muito outro Espantalho, o mentalmente perturbado Jonathan Crane da trilogia O Cavaleiro das Trevas.
Cabe à Ordem dos Malvados (uma espécie de resistência de Oz) combater Dorothy, e o grupo enxerga a chegada de Amy à Oz como um sinal para dar fim ao cruel reinado de Dorothy, devolvendo a magia e alegria ao reino.
Focando nas duas personagens principais, é inegável que a história de Dorothy pareça muito mais interessante que a de Amy. O que teria levado a doce menina do Kansas a se tornar uma regente cruel? É uma pena que isso seja abordado rapidamente do meio para o final do livro, levando a crer que possa ser abordado novamente nas continuações já disponíveis pela Editora Rocco.
Já Amy se mostra a protagonista deslocada em sua própria história. Com problemas muito mais pertinentes a resolver em sua vida pessoal (como a mãe alcoólatra e as dificuldades financeiras), parece ser cruel exigir da garota que ainda seja a salvadora de Oz.
A história em si tem um plot muito interessante, o problema é a forma como a escritora Danielle Paige resolve escrever a trama. Acostumada com roteiros para TV, o que se vê em Dorothy tem que morrer é uma espécie de roteiro adaptado. Não há tempo de se apegar aos personagens tamanha a rapidez que a história é contada, atropelando tramas que chegam a atrair a atenção e são abruptamente interrompidas.
Resta saber o tratamento que Paige dará a jornada de Amy e o desfecho que trará para Dorothy, seria a magia de Oz a responsável por corromper as garotas do Kansas? É conferir e torcer para que a escritora não tenha encarado a obra como uma possível adaptação para o cinema ou TV, pois se já foi difícil criar um relacionamento com os personagens no livro, nas telas a tarefa será ainda mais difícil.
Sobre o Autor
Danielle Paige é roteirista e mora em Nova York. Entre seus trabalhos para a televisão, estão episódios das séries Days of our lives e The guiding light, sendo que esta última lhe rendeu o prêmio Writers Guild of America em 2005. Dorothy tem que morrer marca sua estreia na literatura.
Dorothy Tem Que Morrer
Autor: Danielle Paige
Tradução: Cláudia Mello Belhassof
Preço: R$ 39,50
384 pp. | 15,7×22,7 cm
ISBN: 978-85-7980-273-7
Selo: Rocco Jovens Leitores
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