Com a pausa na franquia Vingadores, alguns atores podem se arriscar por outros tipos de filmes, e Chris Hemsworth mostra em Resgate (Extraction) que é mais do que músculos e trovões com uma atuação digna dos filmes de ação dos anos 80.
O longa da Netflix é produzido por Joe Russo e dirigido por Sam Hargrave, com grande experiência como dublê, inclusive em filmes da Marvel. Mas as coincidências param por aí, nada de piadinhas ou cenas repletas de CGI, Hargrave entrega um filme cru, sujo e violento.
Na trama, Hemsworth interpreta Tyler Rake, um ex-militar e agora mercenário enviado sempre em operações que outras pessoas não dariam conta. Tyler é enviado para a Índia para resgatar um Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), um garoto de 14 anos que fora sequestrado por um traficante rival de seu pai.
O traficante em questão é Amir Asif (Priyanshu Painyuli), chefe do crime de Bangladesh e citado até mesmo como o Pablo Escobar da região. Sempre limpo e bem trajado, o criminoso é cruel ao ponto de mandar jogar de cima de um prédio, as crianças que trabalham para e ousam roubá-lo.
A partir deste ponto, é ação e violência do início ao fim. Tyler precisará se infiltrar no local que o garoto é mantido refém e precisará sair da cidade cujas autoridades policiais são controladas por Amir.
A experiência de Hargrave como dublê é o diferencial para que o filme contenha tantas cenas de ação com brigas, tiros e perseguições de alto nível. Tyler é quase um super-humano, as cenas de luta chegam a lembrar os filmes de ação de Bollywood, chegando ao ponto do mercenário segurar um criminoso para acertar outro na cabeça, com chutes que jogam criminosos de um cômodo a outro. Bruto, mas surreal!
O grande destaque da ação é um plano sequência de doze minutos envolvendo uma insana perseguição automobilística. Com cortes escondidos, a cena transporta o espectador para dentro do veículo, trazendo a tensão e a sensação de que a qualquer momento o espectador será jogado para fora do carro. Um trabalho técnico digno de grandes longas de Hollywood.
Chris Hemsworth que já havia se saído muito bem em comédias como Férias Frustradas e Caça-Fantasmas, demonstra também talento para o drama. Em cenas que exigem mais do ator, ele consegue demonstrar a amargura e o arrependimento de seu personagem, em especial numa cena em que se abre com o jovem Ovi.
O que incomoda no filme é a paleta de cores utilizada no longa. O uso de uma paleta excessivamente amarela transforma a colorida Bangladesh em uma cidade suja e granulada. Não que parte disso não seja real, mas o excesso do filtro incomoda ainda mais quando o sempre bem vestido Amir está em cena. O contraste entre as cores e brilho de sua casa e roupas com o que é demonstrado no restante do longa tem a intenção de evidenciar a diferença de classes sociais, mas acaba passando a ideia de que países de terceiro mundo são locais sujos e totalmente desprovidos de saneamento básico.
Aliás, o envolvimento de crianças com o crime e tráfico de drogas seria um ponto interessante a ser abordado, mas é deixado de lado em prol da missão de Tyler. Mas a julgar pela aceitação do público, pode ser que a Netflix tenha encontrado uma franquia de ação pra chamar de sua.
Por fim, Resgate prova-se um ótimo filme de ação com grande referência nos longas dos anos 80, mas que peca ao pesar a mão na romantização em sua conclusão, quebrando o frenético ritmo imposto desde o seu início.
Confira o trailer de Resgate, o longa já está disponível na Netflix:
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