Baseado nos quadrinhos homônimos da DC, Rainhas do Crime se passa na década de 1970, em Nova York, quando as esposas de mafiosos irlandeses ficam no controle dos negócios em Hell’s Kitchen depois que agentes do FBI prendem seus maridos. O grupo é liderado por três mulheres com temperamentos extremamente diferentes, mas que compartilham do mesmo objetivo: proteger os “negócios” de suas famílias, custe o que custar.
Protagonizando a trama temos Melissa McCarthy, Tiffany Haddish e Elisabeth Moss. Nomes conhecidos do público, que no caso de McCarthy deve até mesmo causar estranheza em alguns espectadores mais desligados que nunca a viram fazendo algo que não fosse puxado para a comédia.
É impossível não ver semelhanças com o longa As Viúvas, que foi lançado em outubro de 2018. Apesar deste ser ambientando na década de 70, as motivações e atitudes dos personagens, e até mesmo a conclusão de alguns arcos narrativos, são extremamente semelhantes à produção de 2018. Claro, semelhanças são o que mais existem entre as produções hollywoodianas, a questão é que quem já viu As Viúvas, dificilmente será fisgado novamente com a mesma isca utilizada em Rainhas do Crime.
A trama tenta fugir do óbvio, mas acaba mergulhando em clichês e estereótipos desnecessários. Várias são as tentativas do roteiro em surpreender o espectador com alguma reviravolta, o problema é que na maioria dos casos essas surpresas eram mais que previsíveis.
A produção não consegue manter um ritmo na narrativa, muito provavelmente isso seja uma falha na edição final. Pois em diversos momentos temos mudanças abruptas de clima, e passagens de cena aceleradas que nos fazem pensar como aquilo tudo aconteceu tão rápido. Diálogos e personagens são “esquecidos” repentinamente ao mudar para a cena seguinte.
O roteiro em boa parte se baseia no desenvolvimento individual de cada uma das três protagonistas, o problema é que esse desenvolvimento não convence por ser muito acelerado e desconexo, não sendo isso motivo o suficiente para despertar a empatia em quem assiste. Então, momentos que deveriam ser ápices narrativos e causar um impacto significativo não passam de mais um acontecimento genérico e previsível.
Das três protagonistas, certamente a que menos se destaca é Tiffany Haddish, não que ela não tenha desempenhado um bom trabalho, pelo contrário, a atriz consegue arrancar o máximo que o roteiro permite. Mas sua personagem é tão estereotipada e exagerada, que ela acaba sendo uma das maiores “estraga surpresa” da trama.
A diretora Andrea Berloff faz um bom trabalho e temos diversas sequências muito bem trabalhadas e impactantes, e o ótimo trabalho da direção de arte só deixa tudo ainda mais lindo visualmente. Apesar de ter somente 103 minutos de duração, a produção acaba se tornando maçante com o desenrolar da trama. Mas como citado anteriormente, isso certamente é culpa da montagem final que destruiu qualquer fluidez que pudesse existir aqui.
Rainhas do crime acaba não trazendo anda de inovador, e apesar de belas e convincentes atuações, não consegue cativar e se perdendo com a falta de continuidade e o ritmo descontrolado. Se você viu As viúvas de 2018 ou até mesmo a série Good Girls, certamente sairá entediado do cinema.
Rainhas do Crime infelizmente é mais do mesmo, e é um daqueles filmes em que esperar para ver no conforto da sua casa é a melhor opção. As protagonistas tentam entregar o máximo possível, mas a produção não permite que ela brilhes o suficiente para não serem “esquecíveis”.
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