Os Orfãos é baseado no livro do autor Henry James intitulado “A Volta do Parafuso”. O longa conta a história de Kate (Mackenzie Davis), uma jovem professora contratada para trabalhar como governanta na mansão de uma família rica. Na casa, localizada em Essex, Londres, vive Flora (Brooklynn Prince) e Miles (Finn Wolfhard), irmãos órfãos que perderam ambos os pais em um acidente próximo à casa. No entanto, ela logo percebe que no local existem outros moradores, não necessariamente vivos.
A trama começa de uma maneira firme e ponderada, acompanhando a evolução da protagonista até o momento em que ela realmente vê a verdade. O problema é justamente este, o momento em que Kate consegue enxergar a verdade, não como esperávamos, e não faz sentido algum se levarmos em conta os acontecimentos que a levaram até aquele ponto. A impressão é de que o final foi retirado de outra produção e foi bruscamente costurado ignorando todos os acontecimentos anteriores.
Protagonizando a história, Mackenzie Davis consegue convencer, e apesar de soar meio caricata em diversos momentos, mostra que sabe transparecer medo para o espectador. Finn Wolfhard já é grande conhecido do público, e infelizmente sofre pra se desvincilhar de seus personagens anteriores, se tornando só mais um adolescente insuportável. Já Brooklynn Prince sem dúvidas é o maior talento da produção. A pequena consegue ser carismática e assustadora ao mesmo tempo, de forma que os traumas vividos pela sua personagem são os que mais conseguem despertar a curiosidade do espectador.
Para não deixar dúvidas na linha do tempo, o filme começa mostrando a morte do músico Kurt Cobain em um telejornal, o que já localiza a trama se passando em 1994. Legal, mas e o que isso influencia na história? Absolutamente nada! O fato de a trama se passar em meados da década de 90 não simboliza nada, visto que, se transportarmos a trama para os dias atuais, o resultado final seria o mesmo.
A ambientação é maravilhosa, com um cenário magnífico, e uma mansão de dar inveja à rainha da Inglaterra, que pode até encher os olhos inicialmente, mas com o desenrolar do fatos fica claro que foi só uma desculpa do diretor para conseguir executar os clássicos clichês do gênero, com corredores gigantescos e portas batendo com o vento. Os Orfãos poderiam facilmente morar ali na esquina junto com a tia Joana, que a história seria inalterada.
Só pela sinopse já fica claro que o filme é mais uma produção que seguiu à risca a famosa cartilha de terror, recheada de clichês e jumps scares gratuitos. A principal questão é que o terceiro ato consegue tropeçar bruscamente nos próprios pés e fazer uma bagunça na história que já era arrastada e sem sentido.
Os Orfãos infelizmente vai enganar muita gente. Seja pelo trailer bem montado ou pelos cartazes sinistros, o fato é que muito espectadores vão comprar ingressos esperando ao menos levar alguns sustos e sentir aquele frio na espinha de medo, mas certamente vão sair muito decepcionados das salas de cinema.
O livro que inspirou o longa sempre foi tachado por ter um desfecho confuso e abrupto, talvez os roteiristas do filme só seguiram à risca a obra original, o que pode ter sido um tiro no pé, pois uma obra do século XIX deveria ao menos sofrer uma leve adaptação para que fosse mais bem recebida nos dias atuais. Ah, claro, sempre vão surgir “intelectuais” afirmando que existe algum significado, a questão é que o grande público dificilmente vai perder tempo tentando achar uma explicação para uma trama fraca e confusa.
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