A nova produção de Jordan Peele, Nós, traz Lupita Nyong’o como Adelaide, que juntamente com seu marido Gabe (Winston Duke) levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.
O clima de tensão já se instaura nos primeiros segundos, onde a produção apresenta sua macabra e intensa trilha sonora. Então se você gosta de um bom suspense, sem dúvidas será fisgado assim que o filme começar.
Ao contrário do que vimos em Corra! as criticas à segregação racial dão lugar para uma critica mais abrangente, não que a representatividade não esteja presente, mas agora o diretor decide focar em um nicho maior. O novo alvo sem dúvidas é a hipocrisia da sociedade atual, onde é mais fácil apontar o dedo para os outros do que para si mesmo. Aquela velha história de que nós somos nossos maiores inimigos é a base para que o filme funcione.
A trama se desenrola de maneira rápida e objetiva e por mais que inicialmente algumas sequências pareçam longas demais, logo fica claro seu objetivo a necessidade da mesma. Os detalhes são fundamentais para ajudar a desvendar o mistério por trás das pessoas vestidas de vermelho.
O elenco parece ter sido escolhido a dedo. Lupita Nyong’o dá um show de atuação e é impressionante ver o quanto ela consegue diferenciar suas duas personagens ao mesmo tempo em que deixa o espectador de boca aberta. Winston Duke interpretando o pai de família, é responsável pelas tiradas cômicas do roteiro, mas sem perder o foco. Por mais que solte algumas piadinhas aleatórias, o clima tenso e desesperador não é ofuscado. Elisabeth Moss também tem uma participação na produção de terror, e consegue mais uma vez mostrar que é capaz de mudar da água para o vinho com suas personagens.
A fotografia é fundamental para que o clima de tensão se estabeleça. Com diversos planos abertos que nos passam a sensação de vazio e impotência, o diretor consegue criar um ar de mistério, que se mantém até o último ato onde as perguntas levantadas são respondidas.
É delicioso ver os atores contracenando com eles mesmos, e a direção faz tudo de maneira que pareça realista e convincente. As perseguições estão impecáveis e vão te deixar sem fôlego. A produção conta com sequências de “lutas” executadas com maestria, em especial uma que ocorre no ato final, onde observamos uma mistura de dança e luta nas sombras, certamente este momento é um dos melhores da produção.
Nem tudo são flores, apesar de uma ótima execução e um roteiro amarradinho, os clichês estão presentes em diversos momentos. Prepare-se para ver alguns personagens tomando atitudes um tanto quanto questionáveis só para deixar o espectados ainda mais nervoso. O roteiro também erra ao explicar demais, alguns ganchos são lançados no início do filme de maneira tão escrachada que torna algumas situações futuras previsíveis, perdendo assim a o impacto que poderia causar. Mas isso não significa que não existem surpresas, elas pulam o tempo todo da tela e com certeza a curiosidade vai te segurar até os últimos segundos da sangrenta história.
Nós sem dúvida é um ótimo filme, a ponto de ser considerado um dos melhores suspenses já lançados. O diretor Jordan Peele conseguiu uma legião de fãs com Corra! e certamente eles não ficarão decepcionados. Corra ver antes que seja bombardeado com spoilers que podem tirar toda a graça da produção.
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