Após inúmeros adiamentos e a estreia confirmada no HBO Max, Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984) finalmente estreou nos poucos cinemas brasileiros abertos durante a pandemia do Covid-19. Embora a segurança seja um fator primordial que cada um deverá avaliar antes de ir ao cinema, o momento não poderia ser mais oportuno para a estreia do longa: esperançoso e que personifica na personagem de Gal Gadot a imagem da bondade.
A trama do longa é simples e não se preocupa em fazer acenos a outros filmes do universo DC. Patty Jenkins acerta a mão ao focar em uma história com começo, meio e fim, sem deixar de lembrar que a perda de Steve Trevor ainda afeta Diana.
Logo de cara o filme apresenta uma empolgante, colorida e sensacional cena de abertura, trazendo uma espécie de Olimpíadas de Themyscira, como visto nos trailers. A cena serve para a atriz mirim Lilly Aspell roubar a cena novamente com sua ternura e astúcia como a pequena Diana, arrancando risos e suspiros de “dó” da pequena Princesa Amazona.
Através de uma rápida cena recheada de fotos, Jenkins apresenta um panorama de como foram os anos para Diana após os acontecimentos do primeiro filme, mostrando que o tempo pode ser cruel de várias maneiras para alguns heróis.
Aliás, é interessante como o conceito de “tempo” é retratado no longa de acordo com a perspectiva dos personagens. A espera pelo sucesso, a espera por ser notado, o tempo sem o amor de sua vida…Jenkins consegue mostrar através do tempo os anseios dos personagens, permitindo criar empatia necessária para que nos momentos derradeiros possamos compreender as decisões tomadas pela diretora.
Embora a Mulher-Maravilha já tenha tirado a vida de vilões nos quadrinhos anteriormente, a forma com que a heroína é retratada em seus filmes é (com o perdão do trocadilho) maravilhosa. Muito inspirado pela Era de Ouro dos quadrinhos e livre das amarras de conectar o filme a outras tramas de um universo que ainda não se encontrou, o longa preocupa-se apenas em contar uma boa, inspiradora e inocente história, resolvendo ainda de maneira satisfatória em minutos questões como a transformação da Mulher-Leopardo (Kristen Wigg), os poderes de Maxwell Lord (Pedro Pascal), a volta de Steve Trevor (Chris Pine) e até mesmo a existência de um certo meio de transporte tão solicitado pelos fãs.
Os vilões interpretados por Pedro Pascal e Kristen Wigg encaixam-se perfeitamente na trama proposta por Geoff Johns e Patty Jenkins. Enquanto os poderes do canastrão Maxwell Lord são a roda que move o filme e as motivações dos personagens, a Mulher-Leopardo se vê em meio a um dilema entre voltar-se contra sua outrora amiga ou não voltar a ser tratada como uma pessoa invisível, colocando em jogo até onde os personagens irão para terem seus desejos realizados.
Já a volta de Steve Trevor traz para o longa a mesma situação do primeiro filme, porém agora ele é a pessoa deslocada num mundo completamente novo e repleto dos excessos culturais tão característico dos anos 80. A química entre Trevor e Diana não mudou em nada, sendo possível crer na existência de um amor puro e verdadeiro como o do casal, criando ainda uma cena tão memorável como a sensacional “Terra de Ninguém” do primeiro longa.
Por fim, Mulher-Maravilha 1984 consegue enaltecer ainda mais todas as qualidades daquilo que um herói deve representar: altruísmo, amor, compaixão, esperança. Gal Gadot sagra-se cada vez mais como a personificação de uma heroína que representa a esperança e a bondade tão esquecida em um gênero de filmes que preocupa-se mais com grandes explosões e frases de efeito.
O longa parece mostrar que não pretende tocar em feridas políticas e polarizações, mas que em suas ingenuidade consegue fazer com que nos voltemos ao nosso interior questionando pequenas ações como um simples bom-dia, um sorriso e o bem-estar alheio.
Apesar de todos os adiamentos, Mulher-Maravilha 1984 parece ter sido planejado para este momento como o filme que merecemos e precisávamos, lembrando-nos sempre da máxima de que “a necessidade de muitos deve-se sobrepor à necessidade de poucos, ou de um só”.
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