As produções que imaginam um futuro distópico onde o foco são crianças e jovens tem tido muito destaque nos últimos anos, fruto de um público sedento por produções como Jogos Vorazes, Maze Runner e até mesmo The 100. E Mentes Sombrias, o primeiro filme de uma desejada trilogia é o mais novo concorrente a tentar beliscar um pedaço desse concorrido mercado.
A premissa é simples: as crianças começam a morrer de um mal súbito e as sobreviventes revelam-se donas de poderes psíquicos de diversos tipos, como inteligência avançada, telecinese, controle mental e assim por diante. Uma das crianças sobreviventes é Ruby (Amandla Stenberg, a Rue de Jogos Vorazes), que após um incidente é levada para uma instituição do governo que abriga outros jovens como ela.
É fácil prever que o acondicionamento dos jovens poderosos em uma instituição governamental terá problemas que ocasionará na fuga destes. E não há problema algum em se utilizar de uma premissa que lembra muito Maze Runner e Jogos Vorazes, porém a forma como isso é feito é o que prejudica Mentes Sombrias.
O roteiro recheado de frases de motivação e a estereotipação de personagens coadjuvantes contribuem para que o espectador mal se lembre de seus nomes, transformando-os em coadjuvantes mal desenvolvidos e sem um background que possibilite ao espectador estabelecer uma conexão com alguém que acaba por ser tornar um figurante de luxo, independente de sua importância para o desenvolvimento da trama.
A construção da narrativa é simplória, mas ao mesmo tempo confusa por mesclar situações que parecem não fazer parte do mesmo filme. A forma como crianças são separadas de seus pais seria um mote a ser explorado numa época em que isso está realmente acontecendo fora da ficção. E isso evidencia a oportunidade de criar situações sociais que referenciassem o mundo real, como o simples fato de transformar Ruby; uma garota negra, forte e inteligente; num símbolo de luta e resistência tal qual fora feito com Katniss em Jogos Vorazes.
Porém, o que mais incomoda é a falta de conclusão de uma maneira geral. Seja a conclusão do arco de diversos personagens ou até mesmo do próprio filme, que se encerra com um gancho que parece tirado diretamente de Jogos Vorazes, numa situação que obriga o filme a ter uma sequência para que saibamos o que realmente aconteceu. É um filme que não funciona por si só, justamente pela falta de conclusão.
Mentes Sombrias diverte, mas não empolga
Por fim, Mentes Sombrias ainda consegue divertir seguindo à risca a cartilha da produção genérica de Hollywood, entregando um filme com personagens que poderiam ser desenvolvidos de maneira mais satisfatória, uma dose de romance e bons efeitos especiais para seu modesto orçamento (US$ 30 milhões). Mas ao abdicar de criar identidade própria, o filme precisará de relativo sucesso para o desenvolvimento de uma sequência, não se limitando ao sério risco de ser lembrado apenas “como aquele filme que parece X-Men”.
Dirigido por Jennifer Yuh Nelson (Kung Fu Panda) e roteiro de Chad Hodge (Wayward Pines), Mentes Sombrias tem no elenco Amandla Stenberg, Mandy Moore, Gwendoline Christie, Harris Dickinson, Wallace Langham, Patrick Gibson, Golden Brooks e produção de Shawn Levy (Stranger Things). O filme é baseado nos livros da autora Alexandra Bracken.
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