Estreou hoje o esperado filme Loucos por Justiça (Riders of justice), protagonizado por Mads Mikkelsen de Drukk – Mais uma Rodada, filme de Thomas Vinterberg que levou o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021, que conta, inclusive, com os mesmos produtores. Mais uma vez o ator se juntou ao diretor e escritor Anders Thomas Jensen, após terem trabalhado em 2015, em Men & Chicken para surpreender os fãs com um filme que pode ser considerado como imprevisível, tanto na trama quanto para a crítica.
Loucos por Justiça é uma dramédia que nos faz pensar sobre a vida e os rumos que ela pode tomar quando uma tragédia acontece. Acompanhamos a história de Markus, um militar que se vê obrigado a voltar para casa após um acidente de trem na Dinamarca, que mata a sua esposa. Ele, que não faz ideia de como cuidar de uma adolescente, passa a ser responsável por sua filha Mathilde (Andrea Heick Gadeberg), que sobreviveu nesse mesmo acidente.
Tudo muda, porém, quando um matemático, analista de dados, Otto (Nikolaj Lie Kaas) aparece em sua porta, junto com seu amigo Lennart (Lars Brygmann), um hacker experiente, dizendo que o acidente, na verdade foi armado por um grupo terrorista, chamado Riders of Justice. Os três, junto com Emmethaler (Nicolas Bro), um gênio da informática, partem em busca de vingança, movidos por traumas e histórias comoventes, nas quais todos os personagens são protagonistas.
A história de Loucos por justiça é circular, como se conduzisse o telespectador por uma trama que leva a outra, ou como Otto fala logo no início do filme, todos os eventos como produtos de uma série de eventos anteriores, que normalmente, por uma falta de dados, acabam sendo considerados como coincidências. Assim, a primeira cena, na Estônia, com uma garota pedindo para o seu avô uma bicicleta azul e não vermelha, que o vendedor oferece, faz com que a bicicleta azul de Mathilde seja roubada por um cúmplice do vendedor, causando com que a mãe dela vá buscá-la de carro. O carro, por sua vez, não pega e assim por diante. E o pior, tudo parece fazer muito sentido.
Vendo a sinopse e as imagens de Loucos por Justiça, vem na nossa cabeça algo parecido com os filmes dos irmãos Coen, aquela típica narrativa de vingança, onde um cara mal encarado, barbudo e careca é capaz de tudo para destruir aqueles que também causaram um grande estrago em sua vida. Esse personagem é encarnado em Markus, mas com o passar da história ele vai desmoronando, até se tornar apenas um pai, com dificuldades de demonstrar sentimentos e que simplesmente não sabe se comunicar com a própria filha.
Mikkelsen, inclusive, prova em Loucos por Justiça que ele é definitivamente um ótimo ator. É impossível não saltar do sofá com suas crises de raiva, seu rosto que vai mudando de acordo com o que ele sente, transparecendo, ao mesmo tempo, uma vulnerabilidade inesperada, cheia de dor diante da morte de sua esposa. Sua união com a dos outros atores, chamados de Três patetas, torna-se completamente plausível, trazendo uma comédia sutil e uma sensibilidade muito humana, capaz de abarcar o namorado sensível de Mathilde, o Sirius (Albert Rudbeck Lindhardt) e um escravo sexual resgatado pelo grupo (Gustav Lindh), que tem também a sua própria história contada na trama.
Jensen é genial em trazer aquilo que ele se propunha em fazer em Loucos por Justiça: uma história sombria, que trata do significado da vida, com momentos de muita comoção e humor. É impossível não acreditar nos caminhos que os personagens vão traçando, tudo parece óbvio e evidente de que não foi um acidente, afinal coincidências desproporcionais como as que são expostas não são possíveis, para que depois nos surpreendamos definitivamente e positivamente.
Loucos por Justiça mostra que coincidências podem acontecer e nem tudo pode ser calculado, cada evento possui sua própria vida, que se desenrola em outra teia de acontecimentos. E quando você já está super acomodado nas ideias desenvolvidas, quando você acredita nas razões dos personagens e acha que o sentido é evidente, tudo pode mudar.
Loucos por Justiça está disponível nas plataformas digitais, para compra e aluguel, com a distribuição da Synapse Distribution.
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