Quando lançou Liga da Justiça: Ponto de Ignição (Flashpoint Paradox) em 2013, nem mesmo os maiores fãs da DC esperavam que algo tão coeso e divertido estava por vir. O início do universo animado da DC com Liga da Justiça: Guerra foi animador, apresentando uma nova roupagem e formação para a maior equipe de super-heróis já criada, e essa semana a DC lançou Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips, dando fim ao universo animado da editora inspirado na saga Os Novos 52.
Tal qual a Marvel fez nos cinemas, o universo animado da DC é muito bem construído, porém padece do mesmo problema da concorrência: a dependência e protagonismo exagerado de um único personagem. Se a Casa das Ideias deu ao Homem de Ferro o posto de maior nome de seu universo, aqui acontece o mesmo, sendo Batman o principal personagem das animações. Foram 16 longas animados, sendo 4 protagonizadas pelo herói, o morcego deu as caras até mesmo no primeiro longa da Liga da Justiça Sombria, dividindo a liderança do grupo com Constantine.
Porém, a aparição excessiva do personagem rendeu a possibilidade de desenvolver um lado dele que ainda não foi explorado nos cinemas: a paternidade. É um elemento que faz toda a diferença na batalha contra Darkseid lá na frente, explico adiante.
O longa mostra a Liga da Justiça tentando dar um passo à frente dos planos de Darkseid para invadir a Terra, levando a batalha para o planeta do déspota. É claro que as coisas não acontecem como os heróis esperavam, levando a uma batalha sangrenta, extremamente gráfica e cruel.
O recém chegado à Liga da Justiça, Constantine, consegue escapar com vida. E é a partir daí que o ocultista toma as rédeas da história, ajudando e liderando os remanescentes numa missão suicida para derrotar Darkseid.
É interessante notar como a DC vem tentando transformar Constantine numa versão de Doutor Estranho, colocando-o lado a lado com a trindade da DC num protagonismo em todas as mídias, algo até então inesperado anos atrás. Talvez isso se deva a planos futuros como a série da Liga da Justiça Sombria no HBO Max, ou quem sabe, planos maiores com a volta do personagem nos cinemas.
O roteiro de Mairghread Scott é satisfatório, informando rapidamente o fã sobre a situação de outros núcleos desse universo animado, incluindo aí os Titãs e até mesmo o Esquadrão Suicida. A direção de Matt Peters e Christina Sotta também é inteligente ao abordar acontecimentos importantes da trama através de rápidos flashbacks, fazendo a história andar sem atropelar acontecimentos relevantes.
Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips tem um único deslize, deixando Hal Jordan quase que totalmente de fora do filme. Para compensar isso, o filme cria equipes que mescla heróis e vilões, mostrando que a editora sabe muito bem trabalhar seus anti-heróis, dando-lhes tanto (ou até mais) destaque quanto seus heróis.
Tal qual Vingadores: Ultimato, Guerra de Apokolips traz para seu último ato aqueles que mais se destacaram nos longas anteriores. O longa finaliza o arco de Batman de maneira emocionante, trazendo para um momento crucial da batalha todo o peso da morte de seus pais e o que isso lhe representa, fazendo-lhe entender o progresso que teve como pessoa e a importância de Damian, seu filho.
Ravena, a personagem mais importante do longa (ao lado de Constantine) recebe também o desfecho ideal para uma trajetória que sempre buscava a aceitação e seu lugar no mundo.
Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips encerra esse universo animado sem o famoso clichê da vitória e felicidade absoluta, deixando um gosto amargo na boca ao destinar para vários personagens finais tão cruéis quanto uma digna passagem para o além.
É um final agridoce, triste, mas bonito. Um encerramento digno da grandeza da editora e seus personagens, um marco que coloca as animações da DC em um novo patamar.
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