Quando John Wick chegou aos cinemas em 2014, nem mesmo Keanu Reeves poderia imaginar que passados 9 anos estaríamos falando sobre uma franquia estabelecida, apresentando John Wick 4: Baba Yaga e até mesmo séries e filmes derivados.
John Wick 4: Baba Yaga joga qualquer senso de lógica para o alto e eleva a décima potência tudo o que foi apresentado nos filmes anteriores – para o bem e para o mal – em 3 horas quase ininterruptas de ação e situações tão absurdas quanto a mortalidade de seu protagonista.
Cadê a história?
Assim como nos dois filmes anteriores, o início é uma sequência quase que imediata de Parabellum, quando John encontrava-se à beira da morte. Ao invés de créditos iniciais somos apresentados a uma perseguição a cavalo no meio do deserto que em qualquer outra franquia cinematográfica soaria tão aleatória quanto a existência de ternos a prova de bala.
Em John Wick 4: Baba Yaga não há tempo para pensar muito, toda a mitologia sobre a criação da Cúpula de Assassinos, seus códigos e o caminho que trouxe nosso protagonista até aqui fora apresentado anteriormente e qualquer resquício de história que o roteiro de Michael Finch e Shay Hatten se assanha a mostrar é deixado de lado ou mostrado nas entrelinhas para possíveis sequências e derivados.
Coadjuvantes que poderiam ser interessantes
Algo que não pode deixar de se elogiar é o time de coadjuvantes do filme. Além das voltas de Ian McShane, Lance Reddick e Laurence Fishburne, juntam-se ao elenco Bill Skarsgard, Hiroyuki Sanada e Donnie Yen.
São atores muito interessantes, mas escalados em papéis que soam quase que como uma paródia de outros tantos papéis já representados pelos mesmos.
Skarsgard representa a oligarquia da Cúpula, um grupo poderoso mas que na realidade se borra de medo de Wick; Hiroyuki Sanada representa o samurai com frases de sabedoria, como se ele já não tivesse feito esse papel em Mortal Kombat, Trem-Bala e possivelmente em alguns outros filmes de sua valiosa carreira.
E aí chegamos em Donnie Yen, um exímio lutador cego com algumas frases de humor. Onde já vimos isso? Ah sim, em Star Wars: Rogue One, papel pertencente a Donnie Yen.
Enquanto o personagem de Skarsgard tem um papel “político” na trama, os papéis de Sanada e Yen estão relacionados aquele resquício de história que o roteiro se assanha a mostrar, dando a entender que existe um passado de amizade entre os dois e John Wick, algo que poderia ser relevante e interessante para a trama mas que é deixado de lado para que tenhamos cenas de ação tão longas que servem apenas para mostrar a capacidade criativa de Chad Stahelski em promover diferentes tipos de lutas bem coreografadas e formas de se matar um inimigo.
Uma salada de clichês
Algo que o primeiro filme da franquia John Wick fez foi dar um novo gás para um gênero que já estava quase sendo esquecido pelos espectadores, afinal, poucos eram os filmes de assassinos/justiceiros que valiam a pena serem vistos nos cinemas. Parecíamos destinados a assistir Liam Neeson salvando sua família para sempre.
E Chad Stahelski acertou em cheio ao apresentar uma franquia baseada em uma Cúpula de Assassinos com seus próprios códigos morais, leis e uma estrutura estética que se diferenciava de tudo que já tínhamos visto, tudo isso aliado ao carisma e fama de bom moço de Keanu Reeves.
Mas com a popularização dos filmes, seria natural o movimento de se aproximar de grandes franquias com o intuito de abocanhar a carteira de um público maior. Não há problema algum nisso, o problema é inserir todos os clichês e estilos cinematográficos diferentes em um filme quase monossilábico, é sério, se o cachê de Keanu Reeves dependesse da sua quantidade de falas no longa, ele mal pagaria pelo ingresso e uma pipoca pequena no cinema.
Em Baba Yaga temos momentos de faroeste, cyberpunk, samurais e toda a estereotipização possível relacionada ao Japão, em certo momento do filme é possível imaginar que John Wick foi parar dentro do jogo Forza Horizon.
Num momento onde apenas a existência de filmes como A Pequena Sereia, Barbie e até mesmo Capitã Marvel são suficientes para agredir a masculinidade de parte dos espectadores, John Wick 4: Baba Yaga surge como a epítome do cinema testosterona: cansativo, barulhento e vazio.
E como não poderia deixar de ser, ao se render aos grandes modelos de franquias cinematográficas, John Wick 4: Baba Yaga conta com uma cena pós-créditos. Fato é que depois de John Wick 4: Baba Yaga, nunca mais irei reclamar dos exageros da franquia Velozes & Furiosos.
John Wick 4: Baba Yaga
O assassino profissional retorna às telas para John Wick 4: Baba Yaga. O assassino profissional John Wick (Keanu Reeves) agora virou metade do submundo contra ele com sua vingança, que agora está entrando em sua quarta rodada em Nova York, Berlim, Paris e Osaka. Sua equipe, composta por Bowery King (Laurence Fishburne), o gerente do hotel Winston (Ian McShane) e o concierge Charon (Lance Reddick) do lendário hotel assassino Continental, novamente fazem parte da festa.
No entanto, as chances de escapar desta vez parecem quase impossíveis, pois o maior inimigo está surgindo. O implacável chefe do submundo Marquis de Gramont (Bill Skarsgård), que tem alianças inteiras atrás dele, representa a maior e sanguinária ameaça até hoje. Mas seus capangas também são durões, incluindo Shimazu (Hiroyuki Sanada) e Killa (Scott Adkins) localizados. Felizmente, existem velhos aliados como Caine (Donnie Yen) que correm para ajudar Wick.
Não há caminho de volta, só um sobrevive.
Quer conferir mais críticas? Inscreva-se em nosso canal no YouTube.
Deixe um comentário