IT: Capítulo Dois se passa vinte e sete anos depois dos eventos que chocaram os adolescentes do Clube dos Perdedores, quando os antigos amigos são obrigados a se reunir para uma sangrenta batalha contra o palhaço Pennywise (Bill Skarsgård), que não estava morto como imaginavam.
Agora todos os integrantes do clube já estão com suas vidas encaminhadas e nem se lembram mais do que aconteceu em Derry, com exceção de Mike (Isaiah Mustafa), o jovem foi o único que não conseguiu deixar a pequena cidade para trás e dedicou sua vida na busca de uma maneira de acabar de vez com A Coisa.
Obviamente, se passaram 27 anos e com todos adultos o elenco deveria ser renovado, mas aqui entra um dos maiores méritos da produção: a escolha do elenco adulto. Os atores foram definidos a dedo, e além de serem fisicamente muito parecidos com suas versões jovens, é visível a preocupação que a produção teve em reproduzir os mesmos trejeitos de cada personagem.
Diferentemente do primeiro filme, que se passa inteiramente no verão de 1989, este é situado essencialmente em 2016, mas oscila com flashbacks que levam os espectadores à revisitarem os personagens ainda jovens, preenchendo lacunas deixadas na história do filme de 2017, então quem achou que sentiria falta do elenco mirim, pode ficar tranquilo pois eles ocupam praticamente metade do tempo da produção.
Esses flashbacks são essenciais para a condução da trama, o problema é que a grande maioria deles é responsável por quebrar o ritmo do filme tornando tudo muito lento e arrastado em alguns momentos, e freneticamente acelerados em outros. E se levarmos em consideração que IT: Capítulo Dois tem quase três horas de duração, fica a dúvida se todos terão paciência para aguentar o desfecho da trama sentados na poltrona do cinema.
Em 2017, o diretor Andy Muschietti juntamente com o excelente Bill Skarsgård apresentaram ao mundo uma versão ainda mais sinistra e assustadora do palhaço Pennywise. O problema é que agora já não é mais surpresa, e se antes o palhaço demoníaco se escondia nas sombras e manipulava suas vítimas, agora ele dá a cara a tapa e aparece no meio do dia sem medo de ser feliz. Essa exposição do vilão impede que seja recriado aquele clima sinistro que vimos anteriormente.
Isso não significa que A Coisa esteja menos macabra, ela simplesmente não aterroriza no mesmo nível. As manipulações da realidade com ilusões tenebrosas também marcam presença e em algumas vezes até causam um certo desconforto, mas não assustam como deveriam. Certamente você vai pular da cadeira com algum dos diversos jump scares espalhados ao longo do filme, mas nada muito além disso.
Agora fica perceptível que tiveram uma maior preocupação com o roteiro e não em ser assustador e isso é ótimo, mas pode desapontar quem decidir ir ver o filme acreditando que sairá horrorizado da sala de cinema.
A Warner abriu os cofres e o orçamento da sequência beirou os US$ 70 milhões, mas certamente a verba destinada à CGI não foi bem aplicada. São muitos os momentos em que a computação gráfica é utilizada para criar algum elemento sinistro em cena, o problema é que estes efeitos não parecem ter sido bem polidos, e vários deles transbordam artificialidade. Em várias ocasiões talvez fosse melhor ter utilizado algum efeito prático em vez da computação, mas quem sabe o que fez o diretor não optar por isso…
O novo elenco conta com nomes muito conhecidos do público com Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader, mas Jay Ryan, James Ransone, Andy Bean e Isaiah Mustafa estão muito longe de serem ofuscados. Absolutamente todos têm seu tempo em cena e conseguem mostrar a que vieram, não ficando ninguém em segundo plano. O ótimo elenco jovem retorna completo e consegue novamente mostrar que são extremamente competentes e talentosos.
Além disso também temos algumas participações muito especiais no meio do meio do filme, mas obviamente não contarei para não estragar a surpresa.
IT: Capítulo Dois, apesar dos deslizes, consegue ser uma boa produção de terror/suspense que, por focar mais no enredo do que no terror, pode acabar desapontando alguns. Se seu antecessor não conseguiu agradar completamente os fãs do livro de Stephen King, este certamente vai servir como uma redenção.
Confira o trailer final abaixo, mas se quiser um conselho: Não assista, vá direto aos cinemas!
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