Aguardar dias para falar sobre o crossover Crise nas Infinitas Terras parecia ser um tiro no pé, mas era necessário aguardar o final de Arrow para saber como o especial iria impactar a série que deu início a este grande universo, se as consequências desse encontro seria mantido ou ignorado.
Se somente agora a DC parece estar encontrando um caminho para suas propriedades no cinema, na TV as coisas vão de vento em popa. Greg Berlanti e Marc Guggenheim tiveram acesso a todos os heróis da casa, trazendo para o encontro praticamente tudo que já foi produzido pela DC na TV e até mesmo cinema, homenageando aqueles que tentaram levar o heroísmo para as TVs mesmo em uma época que tais personagens não representavam o alicerce da cultura pop.
As participações de Crise nas Infinitas Terras
Foram inúmeras participações especiais, Burt Ward como um Robin aposentado da série Batman e Robin (1966); Robert Whul como o jornalista Alexander Knox dos filmes do Batman de Tim Burton; Ashley Scott como a Caçadora da série Aves de Rapina (2002); Kevin Conroy, o eterno dublador das séries animadas do Batman como um amargurado e cruel Bruce Wayne; Brandon Routh como uma versão de Superman de Reino do Amanhã; Tom Ellis como Lucifer; Tom Welling como Clark Kent de Smallville e a surpreendente e significativa participação de Ezra Miller como o Flash do universo cinematográfico da DC.
A DC e o canal CW fizeram aquilo que a Marvel sempre falou mas nunca executou de fato, interligou todas as suas produções de cinema, TV e streaming. Se a Casa das Ideias sentia “vergonha” em abraçar seu lado televisivo em suas produções cinematográficas, Crise nas Infinitas Terras abraçou a todos e mostrou como criar um verdadeiro e coeso multiverso. Não bastasse isso, a participação do Flash no crossover permitiu que a Warner Bros. prossiga com seu universo cinematográfico e um novo Batman sem a necessidade de um reboot, influenciando diretamente até o filme do Velocista Escarlate que estreará em 2022.
A Crise
Embora a própria HQ da Crise seja de difícil entendimento, a CW soube capturar a essência da história para a produção de seu crossover. De maneira resumida, o crossover mostra o Monitor reunindo os mais notáveis heróis para impedir a destruição do multiverso pelo Anti-Monitor. E não há tempo para respirar, logo de início vemos a destruição das terras que abrigaram Batman e Robin e também a terra das Aves de Rapina.
Mal há tempo para Lyla – agora a Precursora – avisar Kara e Superman do perigo que se aproxima e surgir com os demais heróis. Em uma divertida cena de batalha, os principais heróis tentam impedir a destruição da Terra 38 (lar de Supergirl e Superman), mas coube ao Arqueiro Verde ficar e ganhar tempo para a desocupação do planeta, sacrificando-se para salvar milhões de pessoas.
Sem tempo para lamentações, os heróis remanescentes precisam encontrar outros heróis que possam ajudar a impedir o fim do multiverso. E nessas viagens por outras terras, destacam-se as participações de Tom Welling e Brandon Routh. O primeiro optou por abdicar de seus poderes para viver uma vida ao lado de Lois e suas filhas, um final poético para aquele que se tornou um dos Supermen mais amados do grande público por causa de Smallville.
Já Routh volta a vestir o manto kryptoniano numa participação que diverge totalmente da personalidade de seu outro alter-ego heróico: Átomo, levando à especulações que seu Superman voltará para uma série no HBO Max. Interpretações completamente diferentes do Homem de Aço, com destinos e trajetórias diferentes, mas que demonstram o que há de melhor no personagem: a capacidade de injetar esperança até mesmo naqueles que julgam tudo perdido.
A salvação do Multiverso
“Para o multiverso sobreviver, o Flash precisa morrer” dizia o Monitor, sem especificar de qual Flash ou Barry Allen estava falando. E coube a John Wesley Shipp, o Barry Allen/Flash da série dos anos 90 se sacrificar para dar uma chance aos nossos heróis, em uma cena nostálgica, bonita e tocante.
Não somente o Flash dos anos 90 teve seus momentos de destaque, os recém chegados Raio Negro e Ryan Choi foram importantes para o desfecho do multiverso, levando a crer que serão ainda mais aproveitados nos futuros encontros.
Crise nas Infinitas Terras serviu para alavancar o status quo do Arqueiro Verde ao posto de maior herói do Arrowverso. Seu sacrifício para salvar milhões foi a redenção de um personagem que passou anos tentando salvar sua cidade, mas que acabava sempre perdendo alguém próximo, o levando a viver um sentimento de culpa contínuo. Sua volta como Espectro quando não havia mais o que ser feito foi a injeção de esperança citada acima para a salvação do multiverso. Numa tocante cena entre Stephen Amell e Grant Gustin, coube ao Arqueiro passar o bastão para o Flash em um momento em que as lágrimas dos fãs já não podiam ser contidas.
E se é para sair do Arrowverse, que seja em grande estilo, já que cabe a Oliver Queen a batalha final contra o Anti-Monitor. Em uma cena tão brega quanto tudo que ronda este universo televisivo, o herói reformula seu famoso bordão ao encarar e derrotar o vilão – “você falhou com este universo” -, para então morrer nos braços dos amigos Canário Branco e Flash, enquanto testemunha a criação de um novo universo. Lindo, poético, piegas…quadrinhos!
O novo Multiverso
Com o multiverso a salvo, cabe aos heróis remanescentes a estranheza de serem os únicos a saberem o que realmente aconteceu. Flash, Supergirl, Raio Negro…todos heróis de uma mesma terra, todos com a responsabilidade de levarem adiante o fardo de serem heróis e protegerem um multiverso que nasceu em 2012 de maneira crua e solitário com um vigilante que só tinha um arco e flecha.
Crise nas Infinitas Terras entregou mais do que era esperado, abraçando a galhofa, cores e uniformes chamativos dos quadrinhos, homenageando todos seus personagens e prometendo um futuro ainda mais heroico com a criação da Liga da Justiça e um multiverso que abraçou todas as mídias sem vergonha alguma de suas produções passadas.
A salvação da DC e seu multiverso veio da TV, tirando dos longas metragens a obrigação de adaptar arcos grandiosos como Crise nas Infinitas Terras ou Reino do Amanhã, provando que as telinhas também podem divertir e contar histórias emocionantes.
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