A Rainha Elizabeth é apaixonada por cães da raça Corgi e, dentre os que vivem no Palácio, Rex (João Guilherme) é o seu queridinho. Acostumado com as mordomias da realeza, tudo muda quando ele cai na armadilha de um outro cachorro que quer tomar o seu lugar. Preso no canil da cidade, ele agora vai precisar de toda a ajuda que conseguir para voltar ao Palácio e retomar seu lugar como o favorito da Rainha.
Corgi: Top Dog é a mais nova animação belga que tenta cair no gosto do público infantil, e até certo ponto isso é possível, mas nem tudo são flores no universo dos animais falantes e sátiras políticas.
Visualmente é inegável a qualidade da produção, não chega a ser um filme da Disney/Pixar, mas é visível o cuidado no acabamento das animações e na movimentação fluída dos personagens. Até mesmo o exagero nos traços caricatos de cada personagem contribuem para cativar o publico pelo olhos, dando um ar de super produção e não de filme televisivo.
Se visualmente temos um acerto, não é possível dizer o mesmo do enredo, que não é nada original.O ponto de partida da trama é uma visita do presidente Donald Trump à rainha da Inglaterra, mas as novidade param por aqui. A clássica jornada do herói está mais presente do que nunca e absolutamente nenhum momento o filme consegue surpreender.
O protagonista tem um ar arrogante e os personagens secundários passam longe de serem carismáticos sendo mais clichês do que o necessário. O ponto é que até mesmo o público infantil está cada vez mais exigente e pode até se pensar que engolem qualquer produção meia boca, mas certamente não é bem assim que a banda toca.
A produção brinca com várias situações adultas, o que não é novidade pois a grande maioria das animações sempre tem uma temática adulta como plano de fundo, o ponto é que aqui tudo é muito escancarado. Uma determinada cena que retrata a relação sexual de dois personagens, poderia ter sido retratada metaforicamente – estamos falando de uma animação focada no público infantil – mas ao invés disso a cena é extremamente sugestiva, causando estranheza até mesmo nos adultos que assistem.
Uma rápida passagem de tempo no início da história tenta gerar um sentimento de empatia no espectador para que o mesmo seja fisgado pelos perrengues que o protagonista enfrenta, mas é tudo tão superficial e genérico que ao invés de empatia, o que desenvolvemos é uma “birra” com o Corgi que protagoniza a trama.
O ritmo de história também gera estranheza e em alguns pontos chega a gerar confusão em quem assiste. Em determinado momento, onde o protagonista enfrente um perigo, senão o maior perigo de toda a produção, os personagens simplesmente param para assistir uma canção bem ao estilo Dicovery Kids, e me questiono se as crianças ainda gostam disso.
Alguns momentos são inegavelmente cômicos, como por exemplo a participação de Donald trump e sua esposa, que por sinal estão muito parecidos por conta dos traços caricatos, mas esse tom de comédia não perdura, e entre muitos momentos sugestivamente adultos, temos aquela trama rasa e sem graça onde o personagem tenta voltar pra casa.
Ok, o filme tem apenas 92 minutos de duração, mas posso te garantir que esses deslizes fazem parecer muito mais e aé impossível escapar da sensação de tédio e cansaço.
Dentre as dezenas de animações que são lançadas todos os anos, Corgi: Top Dog é só mais uma, e mesmo que entretenha as crianças durante sua exibição, será facilmente esquecido ao sair da sala de cinema. As piadas adultas e desnecessárias trazem a tona uma sensação de vergonha alheia e deve desagradar muitos pais.
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