Code 8 – Renegados é o primeiro trabalho de Stephen Amell após o término de Arrow. O longa que começou como um projeto de curta metragem estreou há poucos dias na Netflix e tem se destacado por abordar de uma maneira diferente pessoas com “super poderes”.
Em 2016 os primos Stephen e Robbie Amell produziram Code 8, um curta de ficção que deu início a uma bem sucedida campanha de financiamento coletivo que permitiu a produção do longa. Com a intenção de arrecadar US$ 200 mil para a produção do filme, a dupla conseguiu arrecadar US$ 2,5 milhões, tamanha a positividade com que o público recebeu o curta.
Com o dinheiro em mãos, os primos Amell voltaram-se para todos que ajudaram a produzir o curta metragem, como o roteirista Chris Paré e o diretor Jeff Chan (O Mistério de Grace).
O filme mostra um mundo em que parte da população nasce com poderes, nada do que já não tenhamos visto em X-Men ou até mesmo em Poder Sem Limites. A grande diferença para estes filmes é a forma como essas pessoas com poderes são exploradas.
Aqui, a sociedade se aproveitou das pessoas com poderes até onde pode, na construção civil, na indústria, até que a sociedade passou a considerar essas pessoas como aberrações e uma ameaça a seus empregos.
Soa familiar com a franquia X-Men né? Mas as semelhanças acabam por aí, já que não há Professor Xavier ou escola para jovens superdotados, a realidade de Code 8 é dura e cruel. Acuadas, essas pessoas passam a viver a margem da sociedade aceitando empregos clandestinos, já que é necessário o pagamento de uma cara taxa para o emprego de uma pessoa com poderes.
O roteiro de Chris Paré é inteligente ao recorrer ao lado social ao invés de lutas e ação desenfreada. O uso de poderes como metáforas para abordar aqueles que vivem a margem da sociedade traz reflexões sobre a moralidade de nossa própria sociedade, num período em que o mundo encontra-se recluso devido ao Covid-19, os questionamentos levantados no longa servem para questionar o que podemos fazer por aqueles que são ignorados pelos nossos governantes?
A estética cyberpunk contribui para que a crueza desses questionamentos sociais ganhem um peso maior, e o diretor Jeff Chan consegue balancear história e ação, lembrando muito o estilo criado por Neill Blomkamp em Distrito 9 e Chappie. Ao trabalhar bem o lado social criado por seu roteirista, Chan consegue criar a conexão entre público e seus protagonistas, especialmente Robbie Amell, claramente mais talentoso que o primo mais velho.
Os efeitos especiais de Code 8 – Renegados não deixa a desejar aos filmes com grande orçamento, mostrando que mesmo com um orçamento limitado é possível entrar em um mercado dominado por filmes que usam e abusam do CGI, focando na contação de uma boa história ao invés de pirotecnia gráfica.
O longa peca (talvez pela falta de tempo) ao criar background para personagens secundários que parecem tão interessantes quanto seus protagonistas, algo que poderá ser melhor trabalhado na anunciada série derivada do longa.
Por fim, Code 8 – Renegados possibilitou o surgimento de uma nova e promissora franquia, abordando de maneira prática os dilemas sociais de um mundo com pessoas superpoderosas e como isso reverberaria em nossa sociedade.
Nada mal para um filme que começou como o sonho de dois primos trabalharem juntos em um mesmo projeto. Resta saber se Stephen Amell, o mentor do projeto, terá disposição para embarcar em uma franquia longa novamente, após passar oito anos como o grande nome do Arrowverso.
Code 8 – Renegados já está disponível na Netflix.
Quer conferir mais críticas? Inscreva-se em nosso canal no YouTube.
Deixe um comentário