E se o Superman fosse do mal? Basicamente esta é a premissa de Brightburn: Filho das Trevas. Quando uma criança alienígena cai no terreno de um casal da parte rural dos Estados Unidos, eles decidem criar o menino como seu filho. Porém, o menino, ao começar a descobrir seus poderes, em vez de se tornar um herói para a humanidade, passa a aterrorizar a pequena cidade onde vive, se tornando uma força obscura na Terra.
Inclusive a ambientação é muito similar à da história de Clark Kent, e possivelmente a intenção seja fazer com que os espectadores criem esse paralelo para que no momento em que as coisas começarem a piorar, o impacto causado seja inegavelmente maior.
Apesar do personagem central da trama ser o jovem Brandon (Jackson Dunn), a real protagonista é a matriarca da família, Tori, interpretada por Elizabeth Banks. Tori acaba ficando cega pelo amor materno, e ao invés de confrontar seu filho adotivo, ela sempre opta por justificar os atos dele, até mesmo os mais injustificáveis. Banks manda muito bem, e consegue fisgar o público, transbordando sinceridade em cena, compensando o que faltou no ator mirim da produção.
O jovem Brandon vivido por Dunn passa longe de ser carismático, e desde seus primeiros minutos em cena, o que vemos é um pré-adolescente lacônico e inexpressivo. Claro que a ideia não era que o público criasse empatia pelo vilão assassino, mas esta falta de carisma acaba ofuscando o personagem, e no momento em que ele começa a aterrorizar a todos a surpresa do público é praticamente nula, e nos leva a questionar como os pais dele não perceberam algo errado antes, mesmo estando tudo tão na cara. O restante do elenco não é excepcional mas também não desaponta. E apesar dos esteriótipos estabelecidos, todos se desenvolvem e desempenham bem os seus papéis, mas nada memorável.
O visual da produção é um ponto extremamente positivo, apesar de David Yarovesky apresentar uma direção genérica em termos de angulação e sequências visuais, os efeitos CGI estão muito bem detalhados. O filme entrega mortes sinistramente pesadas, sem medo de mostrar até a última gota de sangue. Com exceção com uma cena especifica do ato final, que parece ter sido retirada da novela dos mutantes da Rede Record de tão artificial que ela consegue ser.
A trama não é apenas inspirada na história do Homem de Aço, ela praticamente copia e cola: Um casal de fazendeiros apaixonados encontra uma criança em uma nave espacial, acabam por adotá-lo e escondem a nave no celeiro. Inicialmente pode parecer interessante ver um novo ponto de vista sobre uma história já contada milhares de vezes, o problema é que a empolgação passa rápido, quando nos damos conta que somente o desfecho será diferente. Tudo é tão previsível e superficial que a diversão acaba ficando por conta da curiosidade em ver como será a próxima morte (a mesma sensação de assistirmos um filme da franquia Jogos Mortais ou Premonição).
Infelizmente Brightburn: Filho das Trevas mira no terror mas acaba se perdendo no caminho, e não alcança nem mesmo o suspense. O filme acaba se sustentando no gore e consegue ter êxito em causar desconforto em quem assiste, mas apenas isso, sem o apelo visual sanguinolento seria só mais uma trama previsivelmente rasa. É divertido sim, mas é também mais uma trama que ao sair do cinema pouco será lembrada. O maior acerto foi do marketing que abusou do nome muito conhecido de James Gunn para promover o filme, mesmo sendo ele apenas o produtor.
Se você sempre imaginou como seria um “super-herói” do mal, este filme pode matar a sua curiosidade, mas não espere nada muito “Super”, somente vísceras voando em cena e um menino inexpressivo botando terror em uma pequena cidade do interior.
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