Quando um novo filme do Batman foi anunciado alguns anos atrás, a internet se perdeu em um emaranhado de opiniões controversas sobre o assunto por se tratar de um longa a parte do universo cinematográfico da DC.
A princípio, Ben Affleck estrelaria e dirigiria o filme do Homem-Morcego, mas problemas pessoais do ator, o afastamento de Zack Snyder do DCU e a insatisfação com o roteiro do filme fizeram que o ator se afastasse da produção. A essa altura, mesmo estrelado por Affleck o filme já seria dirigido por Matt Reeves.
Com o afastamento de Affleck, Reeves optou por escrever uma nova história para o longa, descartando o roteiro de Geoff Johns e trabalhando numa nova história que priorizaria um lado ainda inexplorado do personagem nos cinemas: o de maior detetive da DC.
O elenco de Batman
Não bastassem as polêmicas envolvendo a saída de Affleck, parte dos fãs do personagem passaram também a desconfiar das escolhas de atores para compor o elenco. Ainda presos a imagem de astro de filme adolescente, os fãs mais conservadores passaram a inundar a internet com reclamações a respeito da escolha de Robert Pattinson como o novo Batman.
As escolhas de Jeffrey Wright e Zöe Kravitz como Gordon e Selina Kyle não passaram impunes aos comentários maldosos movidos em sua maioria por puro preconceito.
Mas a confiança da Warner Bros. em Matt Reeves era tamanha que a desconfiança dos fãs em relação ao filme diminuía a cada novidade divulgada pelo diretor nas redes sociais. O primeiro teaser do filme exibido ainda no DC Fandome em 2020, com apenas 25% do filme gravado, serviu para encerrar de vez toda e qualquer desconfiança sobre o trabalho que estava sendo feito, foi a hora dos fãs abraçarem as escolhas do diretor e o filme como um todo.
O maior detetive da DC Comics
Optando por não mostrar novamente a morte dos Wayne, Matt Reeves pode focar em um lado inexplorado de Batman: o de maior detetive do mundo!
A trama opta por mostrar um Batman ainda novato e sua parceria com o detetive Gordon (Jeffrey Wright). É aqui que o filme abusa das referências de filmes de serial killer e do estilo noir. Longas como Se7en, Zodíaco e Chinatown são referências que pulsam a todo momento na tela. E tal qual como as referências que serviram de base para Reeves, Batman sabe dosar o sadismo quase sarcástico das ações de um serial killer que pode ser colocado lado a lado com o Coringa de Heath Ledger, o maior vilão já apresentado em um filme de quadrinhos.
Para que o vigilante pudesse desenvolver seu talento como detetive, era necessário um vilão a altura. E Paul Dano não decepciona como o Charada! O ator consegue fazer de seu vilão um psicopata cada vez mais comum atualmente, aquele que amparado pela segurança de uma tela de computador e o anonimato é capaz de cometer os maiores crimes em busca de uma verdade própria.
A dinâmica criada entre Batman e Gordon faz com que a dupla acabe encarando outros vilões como Carmine Falcone (numa atuação excelente de John Turturro) e Pinguim, aqui retratado pelo Colin Farrell. Essas interações acabam dando tempo para o desenvolvimento desses vilões, revelando detalhes de um passado não tão santo de Thomas Wayne e preparando terreno para a vindoura série do Pinguim.
A maneira como Reeves encaixa cada um dos personagens ao longo da investigação faz com que Gordon sirva como os olhos do espectador em meio a trama procedural que revelará para Gotham o seu símbolo de esperança.
Pattinson É o Batman
O “É” maiúsculo aqui não é um erro de digitação, a escolha do ator para dar vida ao filme mais ousado do Batman não é nada inusitada. Após a conclusão da saga Crepúsculo, Pattinson mergulhou em filmes independentes e principalmente, em papéis que exigiam muito de seus personagens, casos de Cosmopolis, A Caçada, Life, além dos recentes O Farol e O Diabo de Cada Dia.
Pattinson incorpora um Bruce Wayne despido de qualquer cuidado com sua imagem pessoal, algo nunca visto nas versões interpretadas pelos atores que interpretaram o papel anteriormente. Sujo, descuidado, distante da única pessoa que conhece o seu fardo. Embora muitos possam encarar essa como a pior personificação de Bruce Wayne, é necessário lembrar que trata-se de um vigilante em início de carreira com tendências suicidas, é como se Batman procurasse pela morte pelos becos escuros de Gotham.
É Selina Kyle que traz para Batman a luz que Bruce Wayne necessita. Ao abrir os olhos do vigilante para as mazelas que assombram a população da cidade, Bruce percebe que se não fizer algo pela cidade, ninguém o fará.
Trata-se até mesmo de um momento de quebra de paradigma do personagem nos cinemas. Se anteriormente o vigilante sempre se dispôs a morrer por Gotham, é no momento que ele escolhe viver pela cidade e suas pessoas que o personagem deixa para trás a alcunha de vigilante das sombras para se tornar o herói e o caminho de luz tão necessário para o futuro de Gotham.
De protagonista desacreditado a uma atuação memorável, podemos estar presenciando o surgimento daquela que será a versão definitiva do Batman nos cinemas.
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