Quando Arrow estreou em 2012, pouco se sabia sobre o jovem Stephen Amell, mas muito se duvidava do potencial da série que teria o Arqueiro Verde como protagonista de seu próprio programa. Passados 8 anos e 170 episódios, pode-se dizer com toda a certeza que foi um dos maiores acertos recentes na TV no que diz respeito a adaptação de quadrinhos.
Inspirando-se de maneira moderada nos quadrinhos, a série bebeu muito mais da bem sucedida trilogia cinematográfica do Cavaleiro das Trevas. Fez-se de Oliver Queen um vigilante muito mais próximo do Batman do que do próprio Arqueiro, com o diferencial de que Oliver sempre esteve disposto a cruzar linhas que o próprio Cavaleiro das Trevas não cruzaria.
Muito mais conhecido do grande público pelas animações da Liga da Justiça do que pelos quadrinhos, o então chamado “Capuz” precisou emprestar alguns vilões de outros heróis, uma decisão acertada que acabou criou uma das maiores rivalidades já adaptadas para a TV: Oliver Queen e Slade Wilson, o Exterminador. Manu Benett foi magistral em todos os momentos como o vilão e outrora aliado de Oliver Queen.
As duas primeiras temporadas de Arrow foram irretocáveis, uma demonstração perfeita da jornada do herói da maneira mais didática possível. A série chegou a um ápice que permitiu aos criadores Greg Berlanti, Marc Guggenheim e Andrew Kreisberg ousar um pouco mais, trazendo o então cientista forense Barry Allen como um convidado. Nascia ali o Arrowverso, universo televisivo da DC que deu origem a séries como The Flash, Legends of Tomorrow, Supergirl, Black Lightning, Batwoman e as vindouras Green Arrow and the Canaries e Superman & Lois.
Essa adição do sobrenatural, do misticismo e dos super-heróis mudaram completamente a estrutura pé no chão e urbana de Arrow. O que por um lado foi bom para ampliar o leque de adaptações da DC para a TV em um universo compartilhado, por outro foi ruim ao sacrificar duas temporadas de Arrow, que perdeu sua identidade em detrimento de um universo maior.
Foi necessário voltar ao início, deixar a série mais pé no chão e guardar o “super” para os encontros anuais com as outras séries. A quinta e sexta temporada vieram para sacramentar a volta do agora chamado Arqueiro Verde à sua melhor fase, trazendo vilões que imputaram dolorosas perdas ao herói de Star City, como Adrian Chase, Cayden James e talvez o mais violento de todos, Ricardo Diaz.
As perdas de Oliver ao longo das temporadas (seus pais, Laurel, Samantha) o fizeram entender o papel de um verdadeiro herói em meio a constantes ameaças, tornando-se aquele que abre caminho durante as batalhas e se faz ouvir até mesmo por personagens infinitamente mais poderosos que ele. Tudo isso o galgou ao posto de líder deste grandioso universo com dezenas de personagens.
A batalha final
- Com o anúncio de cancelamento da série ao término da oitava temporada, restava a Oliver Queen se acertar com seu passado e ficar em paz com seu futuro. As dicas deixadas no final do crossover Elseworlds em 2018 davam a entender que o herói se sacrificaria para poupar as vidas de Kara (Supergirl) e Barry (Flash) com a iminente chegada da “crise”.
Os dez episódios da temporada serviram para que Oliver revisitasse cada lugar pelo qual passou ao longo dos anos, reencontrando inimigos e até mesmo aliados que estiveram presentes em sua jornada. Uma estratégia que funcionou muito bem por trazer ao espectador aquilo que consagrou a série, um presente para aqueles que a acompanharam até mesmo em seus momentos menos empolgantes.
Katie Cassidy brilhou na última temporada como a nova Canário Negro, enquanto Ben Lewis e Katherine McNamara roubaram a cena como as versões adultas de William e Mia, filhos de Oliver. Com a proximidade do fim e dono do personagem como nunca, Stephen Amell parecia estar ainda mais relaxado no papel do herói de Star City, entregando momentos emocionantes a cada despedida de aliados passados.
Restou ao Arqueiro Verde sacrificar-se durante a Crise nas Infinitas Terras para salvar o multiverso em um momento emocionante ao lado de Barry e Canário Branco, aqueles que começaram o Arrowverso a seu lado, garantindo o futuro de seus filhos em um mundo protegido pelos mais diversos super-heróis.
O legado de Arrow
Ao olhar para o passado de Arrow, será fácil encontrar erros bobos que poderiam ter sido evitados. Mas “parte da jornada é o fim” e esses erros ajudaram a construir o emotivo final de Oliver Queen, um personagem que deixou de lado a alcunha de super-herói para ser reconhecido como um bom amigo, marido, pai, um bom homem.
E muito se deve ainda a John Diggle (David Ramsey) e Felicity Smoak (Emily Bett Rickards), aqueles que sempre representaram o farol de luz e esperança mesmo quando o Arqueiro encontrava-se em seus dias mais sombrios.
Com um final de derrubar lágrimas, Arrow chega ao fim colocando o nome do Arqueiro Verde no panteão de grandes personagens da DC que se destacaram na TV ou cinema. Pode se dizer que o personagem foi colocado no Olimpo de heróis da editora em um discurso emocionante de Diggle, homenageando sua principal inspiração com um final muito parecido com o de O Cavaleiro das Trevas Ressurge; sendo responsável ainda pela retomada dos heróis na televisão após o final de Smallville, provando que Stephen Amell não era o Oliver Queen que merecíamos, mas o Oliver Queen que precisávamos.
“Oliver Queen, você salvou esta cidade!”
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