Hoje podemos dizer que Annabelle já está firmada no cinema como uma franquia consolidada. Como parte integrante do universo criado pelo diretor James Wan, Invocação do Mal, a boneca demoníaca estreou nos cinemas em 2014, contando também com um segundo episódio, sobre sua origem, em 2017. Destacada da franquia maior desde o seu início, Annabelle continua sendo um prato cheio para novas histórias de tensão e suspense, que fazem o espectador pular da cadeira toda vez que veem o seu rosto nada simpático. Aparentemente, há ainda muito material para continuar explorando esse filão, mesmo que as histórias acabem por se tornar um pouco repetitivas e, de certa forma, não muito surpreendentes.

(Divulgação/Warner)

O novo episódio conta com a participação discreta do casal Warren, interpretado por Vera Farmiga e Patrick Wilson, mas foca muito mais na filha deles, Judy, interpretada pela jovem Mckenna Grace. A menina já muito cedo manifesta o mesmo dom da mãe, mas sofre com o bullying dos colegas, que a isolam por conta da conhecida história de sua família. Sua melhor amiga é a babá Mary Ellen (Madison Iseman), que tem uma outra amiga, Daniela (Katie Sarife), obcecada pela vida dos Warren e por tudo o que eles têm em seu museu particular. O conflito, como você pode imaginar, se inicia justamente aí, quando Daniela tenta de todo modo ter acesso à casa e aos objetos possuídos da família.

Annabelle, como as falas dos personagens lembram ao espectador o tempo todo, é só um canal para uma entidade demoníaca se manifestar e assombrar o mundo terreno. O que essa entidade quer é se apossar de uma alma, por isso ela persegue as três garotas em uma noite que tudo parece dar errado. Dessa vez, porém, Annabelle justifica a sua fama, demonstrando todo seu poder ao manipular os demais objetos possuídos da casa, tornando-se uma presença realmente aterrorizante e que impõe respeito, causando sustos de todas as formas possíveis. Mesmo se você está acostumado com a pegada da franquia ou se for fã de filmes de terror, não se surpreenda quando se ver pulando da cadeira.

Gary Dauberman, responsável pelo roteiro dos demais filmes da saga, agora assina a direção, e cria uma atmosfera interessante nos primeiros minutos com “falsos” jump scares, um recurso que poucas vezes se vê em filmes do gênero. O diretor manipula as cenas de forma a criar a expectativa de um momento de susto, mas deixa passar para colocá-lo alguns segundos mais a frente, surpreendendo o espectador (e funciona, porque quem gosta do terror pode achar o jump scare tradicional um tanto manjado). Esse recurso, no entanto, não é levado até o final, já que, envolvido na atmosfera de suspense, o espectador deixa de esperar pelo susto, pois sabe que ele vai acontecer a qualquer momento.

(Divulgação/Warner)

As atuações não são nada excepcionais, mas são dignas do gênero: uma expressão de terror no rosto e uma gritaria em momentos de tensão maior, mas permitindo-se até mesmo alguns momentos de alívio cômico (não tantos como se viu em Annabelle 2). Nenhuma das atrizes principais se destaca em cena, mas considerando que o trio todo é novato em grandes produções, podemos certamente afirmar que elas seguram bem a responsabilidade e demonstram potencial para aparecer em prováveis continuações (os arcos de cada uma deixam pequenas pontas soltas aqui e ali, que provavelmente serão exploradas caso isso ocorra).

Como ponto negativo, podemos destacar alguns efeitos especiais. Já é mais do que conhecido que alguns diretores usam a escuridão como forma de disfarçar os efeitos computadorizados, mas aqui parece ser mais do que um mero disfarce, pois muitas cenas são escuras demais para distinguirmos perfeitamente o que está em tela. Mesmo considerando que todo o clímax da história acontece à noite (afinal, que horas um demônio iria aparecer, não é mesmo?), a direção poderia ter dado mais atenção a esse ponto.

Não é a melhor das produções de terror dos últimos anos, mas é bem consistente e com certeza cumpre o que promete. Alguns sustos, muito envolvimento com o universo de Invocação do Mal, e algumas pontas soltas certamente vão conquistar o público e preparar o terreno para novos episódios envolvendo a boneca demoníaca.

Annabelle 3: De Volta pra Casa não é tão inocente como seu nome pode sugerir. É o melhor filme com relação à atmosfera de suspense de todos os episódios envolvendo a boneca do mal, e com certeza vai te fazer levar muitos sustos no cinema.