Quando se fala em anti-heróis, vários nomes vêm a cabeça: Hellboy, Constantine, Deadpool, Justiceiro, entre outros, mas não o Adão Negro. O personagem sempre foi conhecido por ser a versão maligna de Shazam! e um dos grandes vilões da DC.
Embora Adão Negro tenha uma história trágica, isso não foi o suficiente para torná-lo em um personagem incompreendido que buscasse redenção. Não, o personagem sempre foi pura e simplesmente um vilão. Somente há alguns anos é que o personagem passou a figurar como um anti-herói nos quadrinhos, contribuindo eventualmente com a Sociedade da Justiça.
Embora essa mudança de rumo tenha funcionado nos quadrinhos, é impossível imaginar que anos de histórias coubessem em um filme de 2 horas para transformar um vilão em um personagem que poderá lutar algum dia lado a lado com os heróis da DC, esse é o primeiro erro do filme.
O segundo erro do filme é deixar de lado o carisma de Dwayne Johnson, fazendo de Teth-Adam um brutamontes que arrebenta paredes e diz frases prontas tal qual o personagem de Schwarzenegger em Exterminador do Futuro 2. Veja, se o intuito do estúdio é fazer com que o público empatize com um anti-herói é necessário que seja explorado todo o carisma de Dwayne Johnson, como a sua e isso inclui até mesmo a sua famigerada sobrancelha levantada, marca registrada do ator que leva o público ao riso em todos os filmes.
O filme do personagem foi anunciado no longínquo ano de 2007, antes do personagem se tornar um anti-herói e Dwayne “The Rock” Johnson tomar o personagem para si e aqui mora o terceiro problema do longa.
É inegável que a Warner Bros. sempre desejou um universo cinematográfico tão rico quanto o de sua concorrente, e há personagens e histórias para isso. Mas o cancelamento de um plano traçado lá em 2016 após as críticas de Batman vs Superman tornaram o DCU uma bagunça sem precedentes onde todos davam pitaco e ninguém parecia saber para onde isso caminharia. Isso deu a Dwayne Johnson autoridade suficiente para tomar o personagem para si e receber carta branca do estúdio para fazer o que quisesse, afinal, quem falaria não para The Rock?
E nem me refiro ao receio de dizer não devido a seu porte físico (embora isso pudesse sim assustar qualquer um), mas sim por conta do carisma do ator, sua ascensão cinematográfica e o fato de estar esperando pelo filme há mais de dez anos.
O projeto virou a paixão e obsessão do ator, e pelo tempo de espera imaginávamos que receberíamos um projeto apaixonante quando na verdade se tornou um projeto de vaidade que ecoou até mesmo em seu carisma em tela e na surpreendente, mas mal colocada cena pós-créditos que pelo que foi divulgado, foi uma queda de braço que vem sendo travada há seis anos.
Não que isso seja culpa direta de Johnson, mas o peso que sua palavra tem poderia servir para que o estúdio trouxesse nomes mais competentes para o desenvolvimento do roteiro mas principalmente para a direção já que o trabalho de Jaume Collet-Serra mostra-se um tanto quanto bagunçado no longa.
Mas existe algo que funciona em Adão Negro?
Claro que sim! Embora a apresentação dos membros da Sociedade da Justiça seja apressada e não traga background algum dos personagens, a equipe funciona bem em tela. Cyclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centineo) acabam ficando um pouco em segundo plano, mas não é algo que incomode já que são apresentados como novatos no filme.
Já Doutor Destino (Pierce Brosnan) e Gavião Negro (Aldis Hodge) são o ponto alto do filme, não só pela química e imponência em cena dos atores mas também por conta da história um pouco mais desenvolvida dos seus personagens.
Tivesse o estúdio mantido Adão Negro como um legítimo vilão e todo o elenco poderia brilhar igualmente ao invés de servirem apenas como escada para um Dwayne Johnson nada carismático.
Adão Negro não é o filme que irá mudar a hierarquia da DC nos cinemas, mas que fornece algumas conexões para que este universo tenha um rumo a seguir, desde que outro executivo da agora Warner Bros. Discovery não venha a interferir após as críticas mistas que o longa deve receber.
Por fim, Adão Negro subverte o gênero do anti-herói em filme com ação desenfreada do início ao fim, se a história foi deixada de lado, o que resta é aproveitar a pipoca e aproveitar a porradaria sem fim que o filme proporciona.
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