Muitas vezes deixamos passar batido um filme cuja premissa é despretensiosa ou quando grandes nomes de Hollywood não estampam seus cartazes. Por sorte, A Queda é um dos filmes que preenche essas premissas, mas que não deixei passar batido devido ao seu angustiante trailer.
O longa traz como protagonistas Becky (Grace Caroline Currey de Shazam!) e Hunter (Virginia Gardner), duas amigas que acabaram se afastando após a morte do marido de Becky em um acidente de alpinismo. Ainda em luto pela morte do marido, Becky é encorajada pela amiga a partirem em uma aventura de superação: escalar uma torre de rádio abandonada com mais de 600 metros de altura no meio do deserto.
Relutante, Becky aceita o convite apesar dos sinais de que nada dará certo. Mesmo para quem sofre de acrofobia (medo irracional de altura), a subida da torre mostra-se um incômodo irresistível, tamanha a capacidade do diretor Scott Mann em criar uma situação angustiante até mesmo para o espectador.
É interessante notar como o diretor consegue fazer com que o espectador se prenda totalmente à trama logo na subida da torre não apenas pela forma como aborda os perigos da escalada, mas deixando também pistas que serão fundamentais para o completo entendimento e fechamento da história.
Mesmo sendo um longa relativamente curto para os padrões atuais (107 minutos), o filme consegue desenvolver as personagens de maneira satisfatória, permitindo que o público simpatize com as protagonistas a ponto de torcer por uma ou outra no caso de alguma fatalidade.
Entrando no campo das curiosidades, A Queda tem algumas questões muito interessantes a serem abordadas e que realçam ainda mais a qualidade do filme. O longa independente custou “apenas” US$ 3 milhões e após ótimos resultados em exibições de teste, foi adquirido pela Lionsgate para lançamento comercial.
Com a aquisição do filme pelo estúdio, eles recorreram a uma empresa especializada em efeitos como deepfakes, utilizando uma tecnologia de dublagem através de inteligência artificial, a fim de redublar cenas que faziam uso de palavrões, adequando assim o longa a classificação PG-13.
A Queda, concebido inicialmente como um curta metragem, teve sua torre de rádio inspirado na torre real KXTV/KOVR Tower em Walnu Grove, Califórnia, torre esta que também ultrapassa os 600 metros de altura. Como ninguém do filme é tão doido quanto Tom Cruise, o diretor poderia ter recorrido ao uso de tela verde ou stagecraft (tecnologia usada em The Mandaloria e The Batman) para simular o ambiente real, mas na verdade as atrizes estiveram em um cenário real.
Para dar mais veracidade ao longa, a produção optou por construir uma torre no topo de uma montanha, passando a impressão de que as protagonistas realmente estavam a centenas de metros de altura, quando na verdade nunca estiveram a mais de 30 metros do chão, altura suficiente para causar medo em muita gente.
Os efeitos sonos também se destacam na criação da história e manutenção do suspense, seja através do ruído de parafusos, o som de metal enferrujado ou até mesmo barulho do vento.
Tudo isso permite a Mann abusar de situações que em condições naturais levariam as protagonistas ao óbito já no meio da jornada.
A história se desenrola de maneira a criar uma tensão sempre crescente, encontrando seu ápice no terceiro ato quando as protagonistas terão que lidar também com problemas que vão além de estarem presas a 600 metros de altura e sem nenhuma ajuda, provando que o instinto de sobrevivência humano ainda é capaz de prover excelentes histórias mesmo quando não há disponibilidade de orçamento de um grande blockbuster.
Todos esses elementos servem para transformar A Queda num dos melhores e mais angustiantes suspenses do ano.
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