Quando estreou há quase duas décadas, X-Men: O Filme provou à Hollywood que existia um mercado sedento por adaptações de quadrinhos. Nesta semana, a jornada dos mutantes chegou ao fim pelas mãos da Fox em X-Men: Fênix Negra, num caminho de altos e baixos mas que trouxe à tona representatividade e assuntos importantes através de super-heróis, mas este será assunto para outro momento.
É preciso adiantar, Fênix Negra é um filme problemático. Desde a compra da Fox pela Disney, pairava até mesmo a dúvida sobre o lançamento do filme nos cinemas e agora com o lançamento, veio a confirmação que todo o terceiro ato do filme foi refeito para que não existissem comparações com o final de Capitã Marvel.
A trama mostra os X-Men em uma missão de resgate no espaço, onde Jean é afetada e passa a ter o poder da Fênix corrompendo sua mente, libertando segredos do passado e colocando em perigo a segurança de todos.
O roteiro de Simon Kinberg (que também dirige o filme) tenta se aproximar mais da narrativa de Logan do que nos demais filmes da franquia. Ao colocar em xeque a posição de Xavier como responsável e protetor dos mutantes, o longa tira do professor o status de herói que foi construído ao longo dos últimos filmes e o transforma num personagem não muito diferente de Magneto. E isso se reflete nos demais membros da equipe que passam a sofrer com a perda, a dúvida e a indecisão entre ajudar uma amiga ou eliminar uma possível ameaça.
Com a liderança do Professor X em debate, outros personagens tem a oportunidade de tomarem a frente da ação e se colocarem como possíveis lideranças dos mutantes, entre eles o Fera (Nicholas Hoult) e Ciclope (Tie Sheridan), o primeiro movido pelo luto e o outro por continuar acreditando na inocência de Jean.
É uma pena que a vilã interpretada por Jessica Chastain sirva apenas como um fraco elemento narrativo que impulsiona a explosão dos poderes de Jean, já que a inserção de alienígenas no universo mutante seria um plot poderoso a se explorar no futuro não fosse a venda da Fox para a Disney.
Já Sophie Turner protagoniza os melhores momentos do filme, seja pelo seu amadurecimento como atriz ou pela força de sua personagem. Jean Grey é a peça principal de uma trama condensada mas que nos leva a lugares que sempre desejamos ver na mitologia dos mutantes nos cinemas, do contato com a força cósmica a sua breve passagem por Genosha.
Cada cena representa um sentimento agridoce, da empolgação por pensar nos mutantes lutando lado a lado com os Vingadores a tristeza pelo fim de uma saga que se iniciou há 20 anos e abriu caminho para um novo gênero que movimenta bilhões de dólares e emprega milhares de pessoas. E essa sensação, esse misto de alegria e nostalgia torna-se ainda mais emocionante com a poderosa trilha sonora de Hans Zimmer. O mestre das trilhas sonoras de super-heróis coloca o coração em melodias que por si só representam solidão, dúvida, medo, heroísmo e a despedida.
X-Men: Fênix Negra fecha o arco de personagens que marcaram a nova geração como a Mística de Jennifer Lawrence, Xavier de James McAvoy e Magneto de Michael Fassbender, e deixa subentendido o futuro de personagens como Fera, Ciclope e Tempestade. Mesmo com menos de 2h de duração, o filme consegue encontrar tempo para dar destaque a Noturno numa linda homenagem à apoteótica cena que abre X-Men 2.
Para uma franquia que nunca aderiu ao humor como forma de atrair o público e sempre usou de metáforas para tocar em temas delicados como segregação e preconceito, Fênix Negra honra o seu legado ao transformar as mulheres nas verdadeiras protagonistas do encerramento da franquia.
Resta aos fãs ansiosos pela união destes amados personagens ao universo cinematográfico da Marvel aguardar pela sua próxima aventura, torcendo para que a franquia nunca deixe de falar pelos que não tem voz e continue levando através do heroísmo a esperança de um mundo melhor para os oprimidos. Obrigado, velhos amigos!
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