O complicado de se apegar a um personagem e acompanhá-lo por anos é que mesmo sem querer você acaba desenvolvendo por ele uma afeição que pode te corroer lá na frente. Quando Robert Downey Jr. deu o pontapé inicial desse universo não se imaginava que chegaria um momento em que as lágrimas se misturassem aos risos para vibrar, torcer, amar e sofrer com tantos personagens que convivemos durante os últimos 10 anos e 21, agora 22 filmes. Vingadores: Ultimato traz tudo isso, e mais.
É preciso deixar claro que Vingadores: Ultimato não é um filme para quem quer começar acompanhar o universo Marvel a partir de agora. Não, o filme é um presente para aqueles que acompanharam o início dessa que já pode ser considerada a maior franquia da história do cinema.
Desolados após o estalar de dedos de Thanos, os heróis buscam seguir com a vida corroídos pela culpa e pela impotência de fazer algo. Com o inesperado retorno de Scott Lang / Homem-Formiga, uma possibilidade se abre para desfazer o genocídio de Thanos. E como mostrado nos pouquíssimos trailers, o clima é pesado, a esperança é quase inexistente e mesmo após um primeiro momento de sucesso, não há o que se comemorar.
O que se vê então é a oportunidade de revisitar momentos que marcaram o universo Marvel nos últimos anos e a reprodução de cenas apoteóticas, inclusive com referências diretos a momentos polêmicos dos quadrinhos, que ajudam a trama andar e a resolver momentos que seriam problemáticos para nossos heróis. O que se vê daí em diante são algumas das melhores cenas que o universo Marvel já nos proporcionou, com interações e equipes impensáveis até tempos atrás.
Deixando de lado a lógica, os irmãos Russo criam uma narrativa própria para justificar viagens temporais, proporcionando momentos de dar nó na garganta e amolecer até mesmo o coração mais duro de um guerreiro Kronan. Não era raro em momentos de silêncio absoluto ouvir soluços e pessoas tentando retomar o fôlego no cinema.
O filme ainda presenteia os fãs com uma batalha vista somente em O Retorno do Rei, preenchendo cada centímetro de tela com personagens de todos os seus núcleos, com parcerias e trabalho em equipe jamais visto antes em qualquer filme do gênero, trazendo um momento esperado por todos desde A Era de Ultron e fazendo com que os fãs vibrassem e aplaudissem como se estivessem em um estádio, contagiando cada um ao seu redor e mostrando porque Chris Evans e Robert Downey Jr. são o coração e a alma dessa marca.
Há de se entender aqueles que não gostaram do filme, Ultimato é o suprassumo do “fanservice” para aqueles que estão ali há anos esperando por esse momento, daqueles que começaram adolescentes e hoje vão ao cinema acompanhados dos filhos fantasiados com a fantasia de seu super-herói favorito. Não é um filme para quem torce o nariz para a genialidade arrogante de Tony Stark ou o escotismo de Steve Rogers.
Vingadores: Ultimato é uma montanha russa de sentimentos. Vai do épico ao ridículo num piscar de olhos, do riso as lágrimas sem se dar conta. É o melhor e mais bagunçado filme da Marvel. Entenda quem não gosta, recomponha-se com quem gostou. Amei e odiei. Não quero, mas preciso ver de novo.
Isso é algo que nenhum outro estúdio ou franquia conseguiu fazer, esse é o legado Marvel. Permitir que pessoas de todas as idades, credos e raças possam se sentir como super-heróis, levar a esperança quando tudo parece ruir, levar o riso em momentos que exigem seriedade, permitir que todos nós possamos nos sentir gênios, deuses, super-heroínas, ou até mesmo um senhor carismático que deu início a esse sonho décadas atrás.
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