Conheci pela primeira vez a história de Madam C. J. Walker pelo livro Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes: 100 fábulas sobre mulheres extraordinárias, publicada pela VR Editora e foi uma grande surpresa descobrir que a Netflix iria lançar também uma minissérie sobre a sua vida, levando em consideração que não é muito comum encontrar destaque para história dessas mulheres, ainda mais uma mulher negra.
A vida e a história de Madam C. J. Walker, a série, foi inspirada no livro On her Own Ground, de A’lelia Bundles, descendente da protagonista, e retrata a vida de Sarah Breedlove (1867-1919), interpretada por Octavia Spencer, em 4 episódios curtos, quase um filme. Através das imagens em cena, sabemos pouco sobre sua infância, salvo por algumas imagens em flashback dos campos de algodão, onde trabalhou ao lado dos pais.
A história real de Madam C. J. Walker
Madam C. J. Walker foi, na realidade, a primeira de sua família a nascer livre, ficou órfã muito cedo e começou a lavar roupas para ganhar dinheiro, um trabalho considerado muito pesado e difícil. Casou-se duas vezes, apesar de termos apenas um vislumbre de um dos maridos no início do primeiro episódio, e teve sua única filha, Lélia, com 17 anos.
Ela foi morar no Missouri, perto dos irmãos mais velhos que eram barbeiros, apenas citados também na série, quando conhece C. J. Walker. Nessa época e não quando retrata o primeiro episódio, é que seu cabelo começa a cair muito, o que não era um problema incomum, porque tomar banho era difícil, sem encanamento, somado ao estresse que ela sofria e a utilização de produtos não especializados para cabelos – nem de pessoas negras, nem qualquer outro, já que a maioria das pessoas usava detergente de roupas.
Nesse momento,ela contou com a ajuda de Annie Malone, inspiração para a personagem criada como antagonista da série, Addie Monroe, que criou uma fórmula para ajudar os cabelos de mulheres negras a crescer.
Na série A vida e a história de Madam C. J. Walker, a guerra entre as duas mulheres, que na vida real eram amigas e para quem Sarah trabalhou muito tempo como vendedora, ganha um destaque até mesmo desnecessário, a ponto de Addie ir até a cidade onde Sarah está morando para conseguir conquistar seus clientes, o que não ocorreu de fato.
Annie Malone acusou Sarah de ter roubado a sua fórmula na vida real também, porém era uma combinação muito comum para a criação de xampus. Enfim, o negócio de Madam C. J. Walker prosperou muito, como é retratado, ela adotou o nome do marido e Madame em referência ao que era considerado como elegante na França. Sarah abriu sua fábrica e sempre ajudou muito as pessoas de sua comunidade, como é enfatizado pela série e poderia ser ainda mais explorado.
Foi a primeira mulher negra a tornar-se milionária no país. Sua mansão, em Irvington, Nova York, hoje é patrimônio histórico e abriga a Fundação New Voices, para empreendedores negros e foi desenhada pelo primeiro arquiteto negro, Vertner Tandy.
Em resumo, a série traz a vida de Madam C. J. Walker com aparente veracidade e alguns pontos de criatividade. Podemos dizer que os episódios são muito divertidos, mesmo tratando de assuntos difíceis. As imagens, cenários e em especial, o vestuário é muito colorido, quase como um sonho, não sabemos quando estamos adentrando a imaginação da personagem e quando se trata da realidade. Um disputa com a sua concorrente de produtos de beleza vira uma luta num ringue de boxe imaginário, a abertura da fábrica tem dançarinas e cantoras por toda parte e os cartazes de propaganda ganham vida nesse universo de fantasia da protagonista.
A trilha sonora colabora para o ritmo da série, ao mesmo tempo em que nos transporta para os dias atuais, por serem muitas conhecidas por nós hoje em dia. E nessa brincadeira de realidade e fantasia percebemos a necessidade de séries como essa, que apesar de ainda ser muito rasa para o tema, nos coloca na posição de espectador de problemas reais enfrentados por Sarah e pelas mulheres negras na sociedade, que perduram ainda nos nossos dias, infelizmente.
E você, já viu A vida e a história de Madam C. J. Walker? Comente aí e deixe sua sugestão.
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