Venom estreia hoje nos cinemas após anos de tentativas do produtor Avi Arad levar o simbionte para os cinemas. O personagem apareceu pela primeira vez nos cinemas em Homem-Aranha 3, a contragosto de Sam Raimi, diretor do longa. Veio um novo reboot de Homem-Aranha nos cinemas e o personagem não chegou a dar as caras nos filmes estrelados por Andrew Garfield.
Veio o acordo da Sony com a Marvel e parecia que todos os personagens ligados ao “cabeça de teia” ganhariam vida nova lado a lado com Vingadores e outros personagens da Marvel Studios. Mas o que se viu foi a entrada solo do Homem-Aranha num acordo que permitiu que o personagem realizasse o sonho de milhões de fãs colocando o personagem dentro do universo cinematográfico da Marvel.
Mas o universo do aracnídeo é vasto, com inúmeros personagens que tem seus direitos presos a Sony, como Gata Negra, Duende Verde, Morbius, Carnificina e claro, Venom. Restaria a Sony aguardar que a Marvel Studios utilizasse esses personagens em uma de suas franquias e colher os louros financeiros pela criatividade do estúdio que estabeleceu uma das maiores franquias cinematográficas de todos os tempos ou então deixar os personagens no limbo sem garantia alguma da utilização dos mesmos em filmes do Homem-Aranha.
Foi necessária toda essa introdução para explicar ao espectador que não está por dentro dos acordos sobre direitos de personagens que não havia necessidade alguma da existência desse filme neste momento.
Quando se pensa em Venom, a primeira coisa que o espectador se recorda é do próprio Homem-Aranha, logo, fazer um filme do vilão sem a presença do herói seria uma tarefa árdua para Ruben Fleischer. A origem do personagem até é retratada de maneira fiel, mas a pressa com que tudo é feito assusta. A montagem do filme é digna de um filme editado para ser exibido na Tela Quente, com cortes bruscos e cenas que parecem estar pela metade.
A falta de sentido nesse filme é tamanha que nem mesmo a sinopse oficial do filme diz do que realmente se trata: “Um dos personagens mais enigmáticos, complexos e mal-humorados da Marvel chega aos cinemas, estrelado pelo ator indicado ao Oscar®, Tom Hardy, como o protetor letal Venom.”
A trama do filme gira em torno das experiências realizadas pela Fundação Vida com simbiontes vindos do espaço em uma viagem espacial que não acaba bem. Como esperado, são realizados testes em humanos, alguns não dão certo e apenas dois simbiontes conseguem se unir sem rejeição a seus hospedeiros: Riot a Carlton Drake e Venom a Eddie Brock. O primeiro tentará voltar a seu planeta natal para trazer milhões de simbiontes para a Terra e o segundo tentará impedir pelo fato de ter se afeiçoado a Eddie.
E essa é a história. Não há profundidade, não há desenvolvimento, não há expectativa de melhora durante o filme. Em dados momentos percebe-se que o filme teria enveredado para algo próximo do terror (o ator Tom Hardy inclusive deu declarações que cenas foram cortadas), mas isso logo é deixado de lado para abraçar o trash. E não há problema algum em um filme se assumir trash, o problema está em sentir vergonha por isso. E é exatamente essa a impressão que Venom passa, um filme que mudou de direção no meio do caminho e que ficou com vergonha de assumir sua nova identidade, tornando assim impossível a simbiose entre produção e espectador.
Se o filme tivesse se assumido como uma comédia trash aos moldes de Deadpool, o resultado da crítica poderia ser outro, pois a ideia de estabelecer um universo de personagens ligados ao Aranha sem sua presença não é tão ruim, pois poderia preparar o terreno para uma volta triunfal do personagem para a Sony (querendo ou não isso ainda irá acontecer algum dia). O problema é que enquanto a Marvel tem em Kevin Feige a mente por trás de seu universo cinematográfico, a Sony conta com Avi Arad.
Venom é um filme datado para o nível que os filmes de super-heróis atingiram e com o provável sucesso de bilheteria, terá que se esforçar para entregar uma sequência que agrade e recupere a confiança da crítica. É de se espantar que um ator como Tom Hardy tenha levado esse papel a sério, e resta ao espectador temer por esse universo Marvel da Sony, já que o próximo filme da lista é Morbius, estrelado por Jared Leto.
Existe um possível easter-egg no início do filme, talvez numa tentativa desesperada de estabelecer qualquer vínculo com o Homem-Aranha, onde é dito rapidamente que o astronauta sobrevivente na queda do foguete espacial chama-se Jameson. E quem é fã dos quadrinhos do aracnídeo, sabe que há um astronauta Jameson cujo pai é muito ligado ao Homem-Aranha, agora é aguardar para ver.
Para finalizar, não leve o filme a sério e talvez consiga gostar e se divertir com a produção. O filme ainda conta com duas participações especiais muito bacanas que podem ser sugestões do que a franquia reserva para o futuro, uma no meio do filme e outra na primeira cena pós-créditos. E aguarde pela segunda cena pós-créditos, não tem a ver com o filme, mas vale seu ingresso.
O elenco de Venom conta com Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Scott Haze e Reid Scott. O filme é dirigido por Ruben Fleischer (Zumbilândia), com roteiro de Scott Rosenberg, Jeff Pinkner, Kelly Marcel e Will Beall.
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