A parte 6 de The Ranch estreou na Netflix rodeada de mistérios acerca da ausência de Rooster (Danny Masterson) e como isso seria explicado aos fãs da série. Com isso, a série deixa de lado o drama familiar da família Bennett recheada de ótimas piadas para transformar-se num drama triste e melancólico durante os dez episódios recém lançados.
Aviso: o texto abaixo contém spoilers da Parte 6 de The Ranch:
The Ranch sempre foi uma série de extremos, lidando com gerações conflitantes representadas nas figuras de Colt (Ashton Kutcher) e seu pai Beau Bennett (o sempre excelente Sam Elliott). Era interessante notar como o pai sempre resmungão e batalhador tentava castigar os filhos com lições de moral para logo após voltar atrás e ajudar seus rebentos, contrariando toda a lógica “do it yourself“, praticamente um retrato da sociedade contemporânea onde pais criam filhos que não sabem aceitar um “não” como resposta.
A série vinha mostrando uma qualidade crescente ao mostrar o desenvolvimento de Colt e Rooster ao lidarem com problemas e responsabilidades que afetavam todos ao seu redor. E isso já afetou o humor da quinta parte da série, transformando a sexta parte em uma série dramática com alguns poucos momentos de Beau dedicados a arrancar o riso do telespectador.
O acidente com Rooster e o arco para dar um final digno ao personagem tomou 4 dos 10 episódios, em uma sequência angustiante digna de entristecer até mesmo o fã que já sabia qual seria o destino do personagem. E novamente, sobressai-se o talento de Sam Elliott. Ver Beau Bennett tentando se manter firme para desabar aos prantos na sequência foi a certeza de que se trataria de uma temporada pesada, de reconstrução de personagens e até mesmo da própria série.
Sem Rooster, que fazia as melhores dobradinhas humorísticas (seja com Beau ou Colt), os produtores resolvem apostar na inserção de um novo personagem: Luke (Dax Shepard), um sobrinho perdido de Beau e ex-militar com sérios traumas pós-guerra.
Com pouco tempo para apresentar, desenvolver e integrar o novo personagem, a série acaba escolhendo o caminho mais fácil e preguiçoso, colocando Luke para ocupar o lugar de Rooster, no trabalho, relacionamento. Em determinado momento, Hank (aquele barbudo que vive no bar) chega a elogiar “Rooster sem a barba”, o que soa como uma completa ironia em relação ao lugar que o personagem ocupa. Sem o carisma de Danny Masterson, a história acaba se tornando repetitiva e cansativa, limitando-se a pequenos momentos de humor com Colt e grandes conflitos com Beau.
Quem acabou prejudicado pelas decisões tomadas pela produção foi o núcleo feminino da série. Joanne (Kathy Baker) foi uma coadjuvante de luxo, cujo passo a frente no romance com Beau ficou de lado em detrimento da narrativa adotada, deixando também Maggie (Debra Winger) e Mary (Megyn Price) limitadas a um plot interno mal-explicado e literalmente confuso. Dentre todas as mulheres, Abby (Elisha Cuthbert) teve o melhor desenvolvimento, mostrando-se madura e disposta a tomar difíceis decisões pensando no bem de Peyton, sua filha com Colt.
Por fim, a sexta parte de The Ranch mostrou-se uma série estranhamente diferente, com um primeiro arco dramático que demonstrou toda a importância de Rooster, para em seguida deixar de lado por completo o tom pesado e eficaz para adotar soluções preguiçosas para preencher o lugar do carismático personagem.
Entende-se que foram episódios de transição, mas a nova temporada precisará se desdobrar para entregar novamente a comédia ácida e nacionalista que marcaram as primeiras temporadas.
[rwp-reviewer-rating-stars id=”0″]
Deixe um comentário