“A história tinha que ser a mais honesta possível. Os baixos foram bem baixos, mas os altos também foram bem altos. E era assim que eu queria fosse que o filme”, confessou Elton John em um vídeo de divulgação de Rocketman, a cinebiografia sobre sua vida estrelada por Taron Egerton (Kingsman).
E Elton estava certo ao solicitar essa abordagem, um artista desse porte não poderia ficar relegado a uma cinebiografia água com açúcar para agradar todos os públicos. E para isso, duas pessoas foram fundamentais: o diretor Dexter Fletcher (Bohemian Rhapsody) e o ator Taron Egerton.
Se em Bohemian Rhapsody, Dexter Fletcher precisou assumir a direção de um filme já em desenvolvimento, aqui o diretor pôde impor sua assinatura desde o início e mostrar tudo aquilo que sempre esteve presente na vida de Reginald Dwight, de sua infância até a sua transformação em astro mundial da música.
Livre de amarras, Taron Egerton personifica a figura do excêntrico cantor na melhor atuação de sua carreira. Egerton incorpora todos os trejeitos de John ao ponto de fazer o espectador pensar estar frente a frente com a versão jovem do cantor, e como se não bastasse, assume com louvor o vocal das canções durante o filme.
O roteiro de Lee Hall (Billy Elliot) não tem medo de abordar todas as fases da vida do cantor, da rigidez do pai às questões envolvendo álcool, drogas e sua sexualidade. E para isso, ao invés de trabalhar a ideia por trás da origem de suas músicas, o roteiro faz o caminho inverso e utiliza as músicas para amplificar as cenas, romantizando a realidade e dando ainda mais camadas aos personagens.
Outro ponto a se ressaltar é o figurino de Rocketman. O trabalho da figurinista Julian Day (Bohemian Rhapsody) é magnífico, não só por trazer para o cinema a excentricidade de Elton John, mas por permitir que ressalte as diferenças entre o introvertido Reginald Dwight e o espalhafatoso Elton John, servindo quase que como uma divisão de personalidades diferentes que habitam o mesmo corpo.
Mesmo sendo injusto, é impossível evitar a comparação entre Rocketman e Bohemian Rhapsody, até mesmo pelo fato de ambos compartilharem o mesmo diretor. A cinebiografia não ter vergonha de se assumir como um drama musical sem fugir das polêmicas que sempre cercaram o artista, sabendo dosar com perfeição a diversão, o lado sombrio e a epicidade que fizeram de Elton John um dos maiores artistas de todos os tempos.
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