Ser uma banda de rock no Brasil não é uma tarefa fácil. No país que predomina o gosto popular pelo sertanejo, pagode e músicas internacionais, estar na ativa após 25 anos de carreira não é para qualquer banda ou artista. E o Raimundos provou mais uma vez em Curitiba que realmente não é qualquer banda!
No show que que celebrou os 25 anos de estrada da banda, Digão relembrou o início da carreira abrindo o show do Ramones na Pedreira Paulo Leminski (ao lado da Ópera de Arame, local onde foi realizado o show no dia 06 de abril) e a importância de Curitiba para a banda, já que dois DVDs da banda foram gravados na cidade, em 2000 e 2017.
E para alimentar ainda mais o saudosismo dos fãs mais antigos, a banda contava com um retorno de peso: Fred Castro, baterista que fez parte da banda desde a sua origem até 2006 retornou para os shows da turnê. A primeira metade do show com Fred na bateria levou o público ao delírio com quase toda a formação original da banda em palco. Tocando o primeiro álbum na íntegra, o público acompanhou e cantou todas as músicas, mesmo aquelas que parecem ser impossíveis para um ser humano comum acompanhar devido à velocidade e ritmo das canções que marcaram o início de carreira da banda.
Mas foi com Selim, música que catapultou o Raimundos ao sucesso que a banda caiu de vez nas graças do público. Cantada a todos os pulmões pelo público que gesticulava e levantava os braços como se fossem grandes tenores, o que se viu dali em diante foi uma perfeita sincronia entre banda e fãs de todas as idades. Sim, a Ópera de Arame estava tomada por crianças e adolescentes que empolgavam-se tanto quanto os fãs mais antigos.
Confira algumas imagens do show (Créditos: Fabiano Guma):
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O público já estava ganho, mas ao chamar Caio Cunha (baterista da banda desde a saída de Fred) ao palco para se juntar à festa, o que se viu foi um espetáculo visual proporcionado pelos dois bateristas devido ao timing perfeito das batidas. E para corroborar com a ótima noite da banda, Marquinho e Canisso foram um show de simpatia com o público, tocando de maneira sempre segura com solos inspirados, com o último levando os fãs mais hardcore ao delírio com seu vozeirão no refrão de Eu Quero Ver o Oco.
O fato do show ser realizado em um teatro não impediu que alguns fãs ensaiassem uma roda punk, que deu espaço a performances quase teatrais de alguns enquanto a banda tocava algumas de suas canções mais bem humoradas.
Se anos atrás o público e imprensa nutria dúvidas sobre o futuro do Raimundos, hoje é seguro afirmar que a banda ultrapassou a barreira dos artistas que fazem sucesso em determinada época e depois somem do mapa, para entrar na lista dos artistas que marcam gerações e tornam-se referência para novas bandas. Houve sim momentos de dificuldades, mas a persistência e empenho para a continuidade da banda é grande parte mérito de Digão, que durante o momento de maior turbulência da banda assumiu os vocais para não largar mais. A competência do artista é tamanha, que hoje é difícil lembrar que a banda já teve outro vocalista.
Resistindo a um mercado musical sem identidade com músicas lançadas diariamente em redes sociais como produtos de supermercado, o Raimundos prova que ainda tem muita lenha para queimar, permitindo que os fãs despertem ou redescubram sua alma punk. Afinal, entrar na terceira geração de fãs, lotar shows e invocar roda punk em teatros não é para qualquer um. Eu quero é rock mininu!
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