Quando se fala de tecnologia no cinema recente, muitos lembrarão das inovações de James Cameron e seu grandioso mundo de Avatar. Poucos lembrarão que Ang Lee é outro nome proeminente neste segmento, afinal, trata-se do homem que nos trouxe O Tigre e o Dragão e As aventuras de Pi. Agora apresenta Projeto Gemini, filme que promete revolucionar a moda como assistimos filmes com o famigerado 3D+, isso se você tiver um cinema apto a exibir filmes com tamanha tecnologia.
Projeto Gemini foi filmado em 3D, 4K e com 120 frames por segundo, com a intenção que ao ser exibido no formato 3D+, o espectador “participe” do longa de uma maneira mais imersiva, ficando mais próximo da ação e dos belíssimos cenários escolhidos por Ang Lee – Budapeste (Hungria), Savannah (EUA) e Cartagena (Colômbia).
A grosso modo, a maneira mais simples de explicar a tecnologia deste filme e seu problema para exibição é o seguinte: você passou a vida toda assistindo nas antigas e charmosas TVs de tubo Telefunken e de uma hora para outra passa a assistir seus programas preferidos numa TV 4K, com tela curva e toda a tecnologia que os vendedores nos passam e não entendemos bulhufas. Mas ao instalar sua TV ultra-tecnológica em casa, você não notará diferença alguma pois os programas que assiste não foram projetados para esse modelo de TV.
Não bastasse a tecnologia empregada para filmar o longa, Projeto Gemini ainda apresenta Will Smith no papel de Henry Brogan, um assassino de elite que após se aposentar se vê envolto numa conspiração que pode custar sua vida. O que Henry Brogan não esperava é que a pessoa enviada para matá-lo fosse sua versão mais jovem.
Will Smith já é um ator cinquentão, mas o filme utilizou um minucioso trabalho de recriação digital do ator para que pudesse interpretar suas duas versões. Will fez a captura de movimentos e a equipe de efeitos visuais liderada por Bill Westenhofer e Guy Williams criou 100% digitalmente a versão jovem do ator, utilizando imagens e vídeos de arquivo do ator.
Ah, Projeto Gemini também tem uma história, ou tenta ter. Isso porque a história apresenta todos os clichês possíveis de filmes de ação: o assassino que decide se aposentar, segredos do governo americano, a ligação entre o vilão e o mocinho…
Ang Lee apresenta uma trama rasa e já vistas em franquias recentes como Bourne e John Wick, porém sem a mínima complexidade de roteiro desses exemplos. Não há o questionamento moral do protagonista pelas mortes que carrega na consciência e não conseguimos nos apegar aos coadjuvantes, dada a forma genérica que a trama é retratada.
Embora as cenas de ação empolguem (em dados momentos o espectador parece estar diante de um cenário de algum jogo) mesmo com a pouca imersão que a sala de cinema comum proporciona e o longa apresente uma bela fotografia (principalmente nas cenas de plano aberto), o filme por si só não se justifica.
Por fim, Projeto Gemini parece ser um filme teste de uma nova tecnologia que pode pintar nos cinemas nos próximos anos, mas que para o momento serviu apenas como o gostinho amargo de uma história vazia e incapaz de ser apreciada em toda sua plenitude visual para a qual foi projetada.
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