John Reese, um ex-agente da CIA, é recrutado por Finch, um milionário e gênio da tecnologia, para ajudar na identificação de pessoas envolvidas em futuros crimes. Essa é a premissa básica de Pessoa de Interesse, ou se preferir, Person of Interest, série que chegou hoje (23) ao catálogo do HBO Max.
A série foi exibida entre 2011 e 2016 pelo canal CBS e além de um elenco extremamente talentoso e carismático, chama a atenção os nomes por trás desse thriller policial. A série foi criada por Jonathan Nolan, o criador de Westworld, co-escritor de O Cavaleiro das Trevas e irmão de Christopher Nolan. Não bastasse ser criada por um dos grandes nomes de Hollywood dos últimos anos, Person of Interest ainda conta com a produção de J.J. Abrams (Star Trek, Star Wars, Super 8, Lost, entre outros) e Bryan Burk (Lost, Alias, Fringe, entre outros).
A trama procedimental apresenta Jim Caviezel como John Reese, um ex-agente da CIA dado como morto e que é encontrado vivendo como um mendigo por Harold Finch (Michael Emerson), um bilionário e gênio da tecnologia que criou uma “Máquina” capaz de prever crimes violentos.
O que move a trama de Person of Interest
A “Máquina” criada por Finch após o fatídico ataque terrorista do 11 de setembro tem o intuito de prevenir novos ataques terroristas. Porém, a máquina passou a prever “crimes comuns” como assaltos, brigas familiares, etc., crimes que não interessariam ao FBI por serem “irrelevantes”.
Funciona da seguinte forma: a máquina emite um número de seguro social, ou um CPF, se preferir simplificar. O dono deste número estará envolvido em um crime violento que como dito, não seria do interesse do FBI, podendo ser a vítima ou o criminoso da situação. Cabe a Finch e Reese levantarem informações sobre essa pessoa para descobrir qual será o seu papel no vindouro crime.
A dinâmica do relacionamento de Reese e Finch lembra muito a trilogia do Cavaleiro das Trevas e o relacionamento entre Batman e Alfred, ou até mesmo, Batman e Lucius Fox, a diferença é que em Person of Interest o herói não conta com uma armadura de Kevlar ou um tanque para escapar das situações.
Desenvolvimento
A medida que a dupla começa desvendar crimes, a fama de Reese se espalha pela cidade. A fama de justiceiro do “homem de terno” chega até o departamento de polícia, chamando a atenção de Joss Carter (Taraji P. Henson) e Lionel Fusco (Kevin Chapman), uma séria detetive do departamento de homicídios e um policial corrupto, representando uma ameaça aos planos de Reese e Finch de salvar vidas que a polícia não conseguiria salvar.
Um dos grandes acertos da série é o desenvolvimento de seus personagens, trazendo através de flashbacks situações que nos ajudam a entender como aquelas pessoas chegaram até ali, mostrando amores e vidas deixadas para trás em razão de um bem maior: a segurança de outras pessoas.
Girl Power
Quem pensa que uma série policial procedimental seria recheada de homens e as mulheres ficariam em segundo plano, enganou-se. Taraji P. Henson é o nome de destaque entre as mulheres, dando as caras logo no primeiro episódio, trazendo um contrapeso moral para Reese que desenvolve um respeito cada vez maior pela policial.
Mas não demora para que mais mulheres roubem a cena na série, entre elas Samantha Grooves (Amy Acker), ou se preferir, Root. Uma hacker que descobre a existência da “Máquina” e cruzará o caminho da equipe com o intuito de liberar essa criação.
Sameen Shaw (Sarah Shahi) é a versão feminina de Reese. Tão letal e preparada quanto ele, a ex-agente da CIA traída pelo governo acabará batendo de frente com a equipe quando seu número de seguro social for emitido pela “Máquina”.
Outra atriz a dar as caras na série é Paige Turco. Mesmo participando de episódios esporádicos, a atriz cai como uma luva no papel de Zoe Morgan, uma especialista em resolver problemas de diversas áreas, digamos assim.
As mulheres são responsáveis inclusive por um dos episódios mais divertidos da série, onde o time feminino é responsável por resolver o caso da semana, trazendo situações hilárias e muita pancadaria em grande estilo, com salto alto, maquiagem e roupas de festa, mostrando que as mulheres da série são tão letais quanto os protagonistas masculinos.
Vilões
Embora seja uma série procedimental, onde os episódios funcionam de maneira isolada com os tradicionais casos da semana, a trama criada por John Nolan mostra uma escalada de interesse no controle do crime em Nova York que envolverá traficantes e policiais, ao mesmo tempo que mostrará as grandes agências de segurança nacional no encalço do “team Machine”, criando um fio que se inicia no sétimo episódio da primeira temporada e se estenderá até o fim da série.
Vários serão os vilões que darão as caras constantemente no programa, cada um com diferentes objetivos. Anote esses nomes: Elias, John Greer, Hersh, Anthony Marconi, Dominic, serão antagonistas de peso que forçarão o time de heróis até mesmo a se aliar com alguns vilões em algumas oportunidades.
Arcos emocionantes
Se há algo que eu não imaginava ser possível, seria chorar com uma série policial. Ledo engano! Person of Interest constrói arcos tão desenvolvidos para seus personagens que em dados momentos, é impossível segurar as lágrimas com flashbacks, momentos de ternura e despedidas.
Sim, Person of Interest não tem medo de quebrar a obviedade de séries procedimentais e seus roteiristas são impiedosos com os fãs ao criarem momentos que deixarão os espectadores na ponta dos pés com cenas de tirar o fôlego.
E como não poderia deixar de ser, a série entrega um final extremamente corajoso com a conclusão de todos os arcos e trazendo um novo significado para a jornada do herói, deixando ao seu fim um gosto agridoce de “quero mais”.
A Máquina
Não menos importante em Person of Interest é a “Máquina”, ou “The Machine” se preferir. A criação de Harold Finch que está em todos os locais e nunca descansa acaba virando um dos personagens principais da série.
A forma como a “Máquina” responde apenas a seu desenvolvedor, o início do relacionamento entre criador e criatura é algo que pode ser comparado a grandes obras sci-fi do cinema como Eu, Robô, para ficarmos em um exemplo mais recente.
Há de se elogiar o trabalho criado por Jonathan Nolan e seu time de roteiristas, afinal, fazer o público se importar com a segurança de uma máquina é um trabalho louvável. Talvez esse esmero com todos os detalhes seja um dos motivos pela avaliação extremamente positiva da crítica em relação a série. Das cinco temporadas, quatro delas contam com uma média de aprovação de 100% por parte da crítica especializada no site Rotten Tomatoes.
Participações especiais e trilha sonora
Não estranhe se você der de cara com rostos conhecidos de Hollywood em Person of Interest. A série conta com participações especiais de grandes nomes como John Nolan (O Cavaleiro das Trevas Ressurge), Sterling K. Brown (Pantera Negra, This is Us), Linda Cardellini (Scooby-Doo, Vingadores: Era de Ultron), Susan Misner (The Americans, Jack Ryan), Jessica Hecht (Friends, The Boys), Mark Margolis (Breaking Bad)…a lista é grande e todas as participações, mesmo aquelas que duram apenas um episódio são marcantes ao ponto de seus personagens não se tornarem irrelevantes para a série, uma ironia já que os números emitidos pela “Máquina” são considerados irrelevantes pela CIA e FBI.
E para finalizar, a trilha sonora! Além de um trabalho sinfônico magistral de Ramin Djawadi (Eternos, Game of Thrones, Westworld), Person of Interest ainda conta com canções marcantes que encerram boa parte dos episódios. De Massive Attack a David Bowie, a série ainda conta com canções de The Black Keys, The Rolling Stones e até mesmo Pink Floyd.
Mas há dois especiais em que a trilha sonora atua como um personagem da série. No já comentado sétimo episódio da primeira temporada, Sinnerman de Nina Simone talvez seja o momento o ponto alto de toda a série, pois a letra da canção traça um paralelo com o fim do episódio, que mostra uma plot twist que trará nossa equipe para uma realidade mais crua, mostrando que apenas tecnologia não será necessário para o que está por vir.
E o segundo momento é na abertura de um episódio da terceira temporada. Hurt, na voz de Johnny Cash embala uma abertura cinematográfica (que lembra muito a abertura de Watchmen), trazendo para a tela a dor e falta de rumo que tomou conta dos personagens após o encerramento de um dos arcos mais dramáticos de toda a série.
Mas chega de conversa, confira o trailer da primeira temporada de Person of Interest e não perca mais tempo, vá agora mesmo para o HBO Max maratonar a série desses heróis que não usam capa, afinal, você pode estar sendo vigiado, o governo possui uma máquina secreta…
PS: fique ligado no 7º episódio da primeira temporada para não perder um easter-egg muito bacana da carreira de Jim Caviezel.
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