A australiana Pamela Lyndon Travers (que assinava como P.L. Travers, mas cujo verdadeiro nome era Helen Lyndon Goff) foi a mente criativa idealizadora da icônica personagem Mary Poppins, que vai receber mais um filme agora no fim de 2018, depois de mais de 50 anos da produção que conquistou adultos e crianças por todo o mundo. O papel da babá encantada, que ficou imortalizado por Julie Andrews, agora será de Emily Blunt, e a expectativa é grande para um filme que vem sendo planejado cuidadosamente pela Disney, e que tem tudo para já estrear como um clássico. Poucas imagens foram reveladas e até o momento um único teaser trailer foi lançado, mas não há como não esperar que o filme seja um grande sucesso.
O que poucos sabem ou lembram é que os bastidores dessa história no cinema são conturbados desde o seu início. A escritora nunca aceitou de bom grado ceder os direitos de suas histórias para o magnata da indústria cinematográfica Walt Disney (que negociou pessoalmente com ela) e, quando finalmente o fez, arrependeu-se amargamente. Ela nunca escondeu, durante toda a sua vida, que não gostou da forma como a personagem foi retratada, e uma parte desses eventos, inclusive, foi mostrada, ainda que de forma muito caricata e maniqueísta, no filme Walt nos bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks, de 2014). Foram mais de 20 anos de negociação entre a autora e o produtor, e Travers só aceitou quando entendeu que iria à falência se recusasse a produção do filme.
Apesar de uma série de exigências da Senhora Travers, o longa foi às telas em 1964, modificando diversos aspectos da história original. A autora se colocou radicalmente contra a ideia de um musical e principalmente contra o uso de animações, mas a intenção de Disney era justamente revolucionar a indústria, colocando atores de carne e osso para interagir com personagens animados. O sucesso foi estrondoso, mas mesmo assim a escritora jamais aceitou o modo como sua personagem foi construída e passou o restante de sua vida amargurada rejeitando a produção.
Apesar de escrever livros infantis, a autora detestava crianças, e a personagem original de seus livros não era simplesmente uma babá que resolvia as coisas com mágica, mas sim alguém que ensinava os devidos valores familiares, o respeito aos mais velhos e a disciplina necessária para viver em sociedade. Esse aspecto “gentil, mas extremamente firme” da babá foi retratado no filme, com uma personagem que não parecia muito amigável à primeira vista, mas que colocou a família Banks nos eixos e os ajudou a entender o amor que tinham um pelo outro. Apesar de tudo, essa era a mensagem que a escritora tanto quis passar.
Em dezembro de 2018, veremos mais uma adaptação da Disney para este clássico. A história será uma continuação direta dos eventos do primeiro filme, com as crianças, Michael e Jane (que não serão interpretados pelos mesmos atores), já adultas e tendo que lidar com os problemas de seus próprios filhos. Não podemos esperar nada menos que um filme espetacular, tendo em vista todo o elenco e produção, além de um diretor experiente com musicais, Rob Marshall (Caminhos da Floresta, Chicago).
Deixe um comentário