Há quase 15 anos atrás, quando a Pixar nos presentou com a melhor versão já criada do “Quarteto Fantástico”, criou uma legião de fãs sedentos por uma continuação da família mais incrível do estúdio. Os Incríveis 2 começa exatamente do ponto em que o primeiro filme termina, com a família Pêra tendo de enfrentar o vilão Escavador.
Embora a evolução técnica de Os Incríveis 2 seja infinitamente superior ao primeiro filme, a previsibilidade do roteiro quanto ao desfecho da continuação deixa a desejar, basta ser um pouquinho mais atento para perceber desde o início onde a história vai dar. Detalhes sobre isso são dados em pelo menos três momentos do filme de maneiras muito claras.
Mas isso é irrelevante quando se percebe a mensagem que o diretor Brad Bird tenta passar. Se há 15 anos atrás, assuntos como direitos das mulheres e machismo ainda eram tratados de maneira muito tímida (em pleno início do século XXI), a continuação trata de abordar esses assuntos de maneira muito mais clara, porém, com uma leveza e humor que não transformam o filme num amontoado de críticas ao conservadorismo.
O primeiro filme tratava das obrigações e da vida de um super-herói quando este está impedido de exercer sua principal vocação, e a continuação vem para concluir este assunto, colocando a Mulher-Elástica para enfrentar o mundo do crime enquanto o Senhor Incrível torna-se o responsável pelas obrigações domésticas.
Ver o Senhor Incrível responsável pela casa e cuidar das crianças é impagável, e retrata fielmente a realidade da maior parte da população masculina quando é “deixada” para cuidar dos afazeres domésticos por alguns minutos. A inveja da esposa bem sucedida, a falta de paciência com as crianças, a falta de tato para tratar de determinados assuntos fazem com o que o amadurecimento do patriarca da família seja gradativo e convincente, deixando-o ainda mais próximo dos filhos Violeta, Flecha e o impagável Zezé.
Aliás, Zezé é o alívio cômico do filme e por se tratar de um bebê com super poderes, tudo soa de maneira mais natural e engraçada, sem piadinhas forçadas como estamos acostumados a ver em filmes de super-heróis. Se Zezé é o alívio cômico, coube ao Gelado em poucas cenas no início e final do filme demonstrar a grande capacidade de seus poderes, superando (pelo menos aparentemente) até mesmo o Senhor Incrível.
Se o primeiro filme focou no Senhor Incrível e o segundo na Mulher-Elástica, o caminho natural é que uma próxima aventura foque nas crianças, mas eu não ficaria triste se o Gelado ganhasse uma animação para chamar de sua. Que ao menos não tenhamos que esperar mais 15 anos pelo próximo filme.
Os Incríveis 2 é uma animação na medida certa, que aborda temas como responsabilidades, machismo e família de maneira tão natural que chegam a passar quase despercebidos. Feita para agradar crianças de todas as idades e até mesmo com uma referência bem-humorada a Batman Begins sobre o que é ser um super-herói, Os Incríveis 2 entrega um dos melhores filmes família dos últimos anos. Afinal, antes de super-heróis eles são pai, mãe, filhos, amigos e é exatamente isso que os definem!
[rwp-reviewer-rating-stars id=”0″]
Deixe um comentário