Neil Jordan é um ótimo diretor, daqueles que consegue entregar ótimos suspenses pelos quais você não daria nada. E Obsessão (lá fora chamado Greta) é um desses filmes que passaria despercebido em meio a tantos blockbusters em cartaz não fosse o nome do diretor e de suas protagonistas.
Desde que ficou famosa em Kick-Ass, todo filme com a jovem Chloë Grace Moretz é de se prestar atenção, ainda mais quando a atriz contracena com Isabelle Huppert (do premiadíssimo Elle). Em Obsessão, Moretz interpreta Frances McCullen, uma jovem que perde a mãe e encontra na solitária Greta (Isabelle Huppert) uma amizade incomum que se assemelha ao relacionamento de mãe e filha. Conforme essa amizade se aprofunda, os segredos dessa solitária viúva tornam-se um perigo para Frances.
Uma premissa já batida em Hollywood, mas o que diferencia Obsessão das demais obras é o desenvolvimento de plot twists que mesmo previsíveis num primeiro instante, são capazes de prender a atenção do espectador enquanto prepara sua conclusão.
Obsessão é um filme que depende muito da atuação de seus atores para funcionar. Moretz e Huppert não desapontam nesse quesito e apresentam diferentes contrapontos de personalidades que se completam, permitindo entender essa rápida e estranha amizade. Enquanto uma procura pela mãe, outra busca uma filha.
O que dita o tom dessa amizade e como ela se transforma de um relacionamento amigável para uma relação de perseguição e medo é a trilha sonora. Mozart, Bethoven, Liszt, Vivaldi e Chopin dão o tom da trama e são essenciais para que a stalker possa se safar de determinadas situações. Numa atuação um tanto quanto dissimulada de Isabelle Huppert, a atriz consegue criar uma vilã interessante ao ponto de nutrirmos pena e ódio ao mesmo tempo.
Falhando apenas na contextualização do passado de Greta, Obsessão acaba colocando-se lado a lado com outras produções genéricas do gênero, quando poderia pisar fundo na exploração da loucura de uma personagem tão interessante e repleta de camadas.
E quando tudo parece resolvido e encaminhar-se para o final, Neil Jordan vira a chave novamente para entregar aos espectadores a satisfação nos angustiantes e tensos minutos finais.
Em um período em que explosões, CGI e personagens animados dominam as salas de cinema, Obsessão torna-se a escolha perfeita para quem procura por um pouco mais de história e cenários reais ao invés de telas verdes.
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