Se você costuma ler críticas de diferentes fontes antes de assistir a um filme, pode ser que em algum momento tenha se deparado com a palavra Leitmotiv (lê-se “láitmotif”) e não tenha entendido exatamente o que ela quer dizer. Como nossa proposta aqui é desenrolar o vocabulário complicado para o público, vamos explicar mais esse conceito para você.
Originalmente, trata-se de um conceito musical, que nasce no período romântico pelo compositor alemão Richard Wagner. Um dos gêneros mais produzidos no período era a ópera (que aliás deu origem ao teatro musical), e o Leitmotiv era um tema musical escolhido para representar a chegada na cena de um personagem, por exemplo (toda vez que ele aparece, uma melodia toca).
Com o tempo, o Leitmotiv foi se desenvolvendo na ópera de tal forma que não mais se tocava sempre o mesmo tema rigorosamente, mas variações que iam se manifestando à medida que as situações ocorriam. O conceito não se prende apenas a personagens, mas também a uma circunstância e a um estado de espírito (cena alegre = Leitmotiv das cenas alegres, cenas tristes = Leitmotiv das cenas tristes, e assim vai…). Hoje pode parecer até algo meio óbvio, já que está presente em tantos lugares, mas isso só demonstra mesmo a influência do Romantismo nas artes em geral.
Exemplos de Leitmotiv
Sabe onde você encontra um Leitmotiv bem característico? No seriado Chaves, quando o professor Girafales e a Dona Florinda se encontram, por exemplo. Para quem não sabia, o trecho de música que toca foi composto originalmente para o filme E o Vento Levou…
O filme Os Miseráveis, que deriva do musical de mesmo nome, apresenta uma série de Leitmotivs que são guiados pelos cenários e personagens presentes. Até que em um momento de reviravolta para todos eles em conjunto, a música One Day More mistura as linhas melódicas diferentes de todos eles.
Um a um, os versos vão tendo suas características modificadas para se encaixar no Leitmotiv de cada núcleo (Jean Valjean, Éponine, o casal Thénardier, Javert etc.), culminando então em uma transformação de todos eles. Se você reparar bem, todas as outras canções individuais de cada um desses núcleos, cantadas ao longo da história, seguem a mesma linha melódica cantada por eles nesta canção.
O uso do recurso tem um propósito bem simples: criar identificação com o público. Nada disso, obviamente, é coincidência ou falta de criatividade dos compositores, é tudo intencional e cuidadosamente planejado para transmitir essa exata sensação.
A partir do momento em que estamos familiarizados com o tema de um personagem ou de uma situação, conseguimos nos conectar com a trama, e nosso inconsciente se abre àquela situação. Basicamente, somos controlados pela emoção que a trilha sonora está nos dizendo para ter, reforçando a dramaticidade ou mesmo apontando para um alívio cômico.
Leitmotiv em outras áreas
No entanto, engana-se quem está pensando que o Leitmotiv se resume a canções ou mesmo a tramas musicais. Por extensão, podemos definir qualquer tema que apareça recorrentemente em uma obra com o mesmo objetivo de criar identificação com o público. Bordões humorísticos e slogans publicitários, nesse sentido, também podem ser considerados como Leitmotiv.
E não só isso, mas qualquer tema que apareça recorrentemente ou que seja trazido à tona em vários momentos de uma história. Por exemplo, em todo o universo cinematográfico da Marvel, a paleta de cores que preenche a tela nos momentos em que cada personagem está em destaque é um Leitmotiv. Também podemos apontar a própria origem dos heróis: a maioria deles era um ser humano comum que adquiriu poderes por alguma razão e resolveu com isso lutar contra o mal.
É possível também encontrarmos um Leitmotiv em determinados gêneros, como as comédias românticas, cujas tramas, na maioria das vezes, se resumem a “dois personagens se apaixonam e passam por alguns percalços até ficarem juntos no final”. Enfim, em qualquer história podemos encontrar o tal “motivo condutor” que vai fazer parte do enredo e criar identificação com o espectador.
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