Quando se fala de Grinch, a primeira imagem que vem à cabeça é a do personagem brilhantemente interpretado por Jim Carrey no conturbado filme lançado em 2000. Se os problemas de bastidores interferiram no resultado final é complicado dizer, e talvez por isso a Universal e a Illumination Entertainment tenham optado por levar o personagem aos cinemas novamente em uma animação.
A história acompanha o Grinch, um ranzinza solitário que vive ao lado de Quemlândia, local que ele visita apenas para destilar seu mau-humor e buscar mantimentos. Alheio à comemorações natalinas, o ser que vive acompanhado apenas de seu cãozinho Max resolve acabar com a festa natalina dos cidadãos da cidade ao descobrir que a comemoração será três vezes maior que o de costume.
Se o resultado do live action não foi dos melhores, a animação também não empolga. O ódio de Grinch pelo Natal é explorado através de flashbacks de sua infância, mas tudo é retratado de maneira muito genérica de modo que não empolga e tampouco emociona, é apenas “ok”.
Outro ponto pouco (ou quase nada) explorado é a ligação entre o Grinch e a menina Cindy Lou. Embora o livro original do Dr. Seuss beire as cinquenta páginas, era de se esperar que o relacionamento entre a garota afetiva com o ser ranzinza fosse melhor explorado e se mostrasse o ponto forte da animação. Mas pelo contrário, o encontro e relacionamento entre ambos se limita a poucas e rápidas cenas.
A sensação que se tem ao término da animação é que você já viu esse filme várias vezes e ao se dar conta do estúdio da animação, não há dúvidas: é uma releitura natalina de Meu Malvado Favorito. O vilão que não se importa com ninguém e tem seu plano arruinado por uma criança ao qual se afeiçoa. Porém, falta a este Grinch identidade. Não há o charme de Gru e muito menos a grandiloquência do mesmo personagem interpretado por Jim Carrey.
O filme falha na construção de seus personagens e no desenvolvimento da trama mas acerta na construção visual. Tanto Grinch como demais personagens são bem trabalhados com texturas e formas que realmente chamam a atenção de uma maneira positiva. Quemlândia é cheia de vida, tudo é feito para parecer um grande parque com escorregadores e elementos que seriam perfeitos para brincadeiras infantis.
Mas isso não basta para maquiar uma história genérica, sem apelo emocional e com um desenvolvimento atrapalhado. E para ajudar, na versão brasileira há ainda a questão da dublagem. Num movimento que cada vez mais artistas são convidados a realizarem dublagens para atrair o público, o Grinch é dublado por Lázaro Ramos (que será também dublador na animação Um Espião Animal) e sua dublagem não é ruim, mas o trabalho realizado por Guilherme Briggs no filme de 2000 está à altura do trabalho e grandiloquência de Jim Carrey. São pequenos detalhes, mas que podem contribuir para a boa recepção de um filme.
Por fim, O Grinch pode divertir o público infantil e até mesmo arrancar algum riso daquele ranzinza que irá assistir o filme sozinho. Mas esperava-se mais de uma animação natalina criada pelo mesmo estúdio que transformou pequenos seres amarelos em uma franquia bilionária. A animação é visualmente rica, mas tampouco empolga ou emociona o espectador.
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