O que pode se entender rapidamente como uma paródia? Uma releitura de uma obra ou situação, apresentando sentidos diferentes. No caso da lei de direitos autorais brasileira, diz-se ainda “São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito. Lei 9.610/98 Art. 47”. O que pode se dizer então de O Candidato Honesto 2, que em determinados casos cria situações que soam tão absurdas que na verdade parecem ser fatos e não uma simples adaptação da absurda política nacional?
Ao adentrar num cenário como a política brasileira para se fazer comédia é necessário escolher entre o 8 ou 80, e é aí que reside o problema de O Candidato Honesto 2. Ao tentar abordar tantas pautas em discussão atualmente no país, o filme não escolhe qual direção tomar e atira para todos os lados na tentativa de fazer o espectador rir.
O filme aborda a nova postura de João Ernesto (Leandro Hassum), que após ter cumprido pena por corrupção leva uma vida muito “tranquila” em prisão domiciliar. Longe da política, o candidato se assusta ao ver na TV a campanha de um candidato a presidência homofóbico, fazendo gesto de armas com as mãos e defendendo a “tradicional família brasileira”. João se indaga como alguém pode apoiar a candidatura de alguém com um discurso tão violento. Seria válido se pouco tempo depois João não começasse a destilar piadas grotescas imbuídas de homofobia com o intuito vazio de arrancar risos da plateia.
Disposto a enfrentar o sistema, João acaba se filiando ao partido de Ivan Pires (trocadilho para a figura criada nas redes sociais para o presidente Temer) para disputar a presidência. Não bastasse a trama política, João ainda precisa lidar com um romance do passado cujo plot é entregue ao espectador logo no primeiro encontro entre os envolvidos.
O filme não apresenta surpresas ou tramas que prendam a atenção, jogando em tela esquetes de situações políticas conhecidas por toda a população que parecem ser adaptações de memes que todo a internet já viu, com o bônus da interpretação cheia de trejeitos de Hassum que fazem lembrar da dupla com Marcius Melhem em Os Caras de Pau.
O filme acaba se salvando em duas situações, sendo a primeira justamente no momento que incorpora todas as críticas ao novo físico de Leandro Hassum num momento hilário que incorpora todo o hate gratuito que o ator sofreu ao adotar um estilo de vida mais saudável. E também com as interpretações de Cassio Pandolph como o vice-presidente Ivan Pires e Mila Ribeiro como a Presidenta, em atuações tão hilárias e fidedignas quanto as figuras reais que ambos parodiam.
Ao atirar para todos os lados e acertar em poucos alvos, o filme deixa a desejar em um ano tão decisivo para o país, pois a comédia pode sim ser uma maneira disfarçada de chamar atenção da população para assuntos tão importantes como a administração pacífica de um país. Com direção de Roberto Santucci, O Candidato Honesto 2 deve fazer sucesso no mercado nacional com sua estreia em mais de 800 salas de cinema, mas precisará melhorar muito para uma continuação já desenhada ao final do filme.
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