Ser aceito pela sociedade através de um padrão estético, a necessidade de se encaixar em um determinado grupo social, comportar-se de maneira que sua família quer e não pelo que você deseja. São exigências sociais que podem acabar prejudicando na formação de um jovem, e se sua autoestima ainda estiver lá embaixo, resta apenas esperar pelo pior. E é isso que Não Olhe (Look Away) tenta mostrar, porém com a indecisão de decidir-se para qual gênero enveredar.
Maria (India Wesley) é uma jovem de 17 anos praticamente reclusa e fora do convívio social com outros jovens de sua faixa etária. Seu pai, Dan (Jason Isaacs) é um cirurgião plástico controlador que vê na filha uma vergonha para a família devido a seu exílio social, exige da garota autoconfiança e melhora da autoestima sem oferecer o mínimo de afeto para que ela se sinta mais amada e desenvolva sua autoconfiança. A mãe, Amy (Mira Sorvino), é uma mulher que tenta animar a filha, mas que vive sob a sombra e ordens do marido.
Mesmo sendo de uma família rica, o cenário familiar contribui ainda mais para que a garota se feche emocional e corporalmente. Em meio a dificuldade de socialização na escola e a pressão familiar, Maria acaba descobrindo no espelho de seu banheiro uma personalidade totalmente oposta a ela, Ariam, que passa a oferecer suporte e a solução para que Maria enfrente todos os seus problemas.
O que poderia ser encarado como um distúrbio psicológico da garota e uma metáfora para um basta à situação que se encontrava, é pouco trabalhado como um horror psicológico e passa e enveredar pelos caminhos do terror sobrenatural, misturando gêneros e prejudicando o desenvolvimento da trama.
E é a partir do momento que Maria aceita a ajuda de Ariam que o roteiro adota um caminho fácil e preguiçoso: a resolução dos problemas de Maria através da vingança. E ao fazer isso ligando a existência de Ariam ao início perturbador do começo do filme, o que resta são momentos de autoconfiança através da rebeldia e atitudes impensadas de uma outra jovem que também não conhece seu lugar no mundo.
A partir desse momento, o roteiro liga o modo piloto automático e esquece quaisquer consequências que os atos cometidos possam ter, ignorando destino de personagens e transformando a personagem de Ariam em uma jovem com tão ou mais problemas que Maria. Se melhor trabalhado, o roteiro de Assaf Bernstein poderia dar maior desenvolvimento às duas contrapartes da jovem.
Destacam-se no longa as atuações controladoras de Jason Isaacs e a performance ora rebelde e ora introspectiva de India Wesley, além do cenário sempre frio, soando quase que como uma metáfora a forma que o pai sempre tratou sua família.
Apesar da falta de coerência com a história, o final acaba sendo surpreendente, uma pena que Não Olhe acabe se perdendo entre a indecisão de ser um drama psicológico e um terror sobrenatural, existia potencial para ambos.
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