Em Minhas Vidas Passadas A LIMPO, o autor Mario Prata narra seis de suas dez vidas passadas, desde a época de Cristo até os dias de hoje.
Após ser diagnosticado com Síndrome do Pânico, o autor Mario Prata é convencido pelo seu psiquiatra e psicanalista, Leonardo Ramos, a conhecer suas vidas passadas para entender melhor a sua vida atual. Assim nasce o livro Minhas Vidas Passadas A LIMPO.
Narrado sempre em diálogo, e com conversas, ora do psiquiatra com o personagem do passado e ora do psiquiatra com o próprio autor, começamos uma jornada cômica através das histórias e da vida dos personagens vividos por Mario.
Em Minhas Vidas Passadas A LIMPO, conhecemos Ana de Betania, Gemma, Johnny, Anhangá, Frei Henriquinho e Georgette, as seis vidas anteriores de Mario, e um senhor misterioso que aparece em todos os seus passados, mas que só descobrimos que ele é no final do livro.
Enquanto estava no consultório, regredindo em algumas vidas, o autor relata um fato curioso, ele conta que falava a língua da época referente ao personagem passado e ia traduzindo diretamente para Leonardo, e que ele não faz ideia como conseguia fazer aquilo. Outro ponto legal que podemos levantar é a observação de que o autor nunca foi alguém famoso, mas sim, sempre esteve perto de alguém que era.
Por exemplo, Ana de Betania que viveu na época de Cristo, era irmã de Lázaro, aquele que foi ressuscitado por Jesus e conviveu muito com Ele e seus discípulos. Ana tinha uma taberna na cidade de Betania, a uma hora de Jerusalém, onde Jesus costumava se reunir para beber vinho.
De acordo com ela, lá foi realizada a Santa Ceia, que ao contrário do que estamos acostumados, não foi em uma mesa retangular com todos sentados de um lado só, e sim uma mesa redonda.
Já Gemma di Maneto Donati, esposa de Dante Alighieri, teve uma vida sofrida, apesar de ter sido de uma família nobre. Casou ainda garota com o escritor de A Divina Comédia, com quem teve nove filhos que apesar de tudo sempre amou.
Gemma nunca suportou o amor de seu marido por Beatrice Portinari, e por conta disso se tornou uma pessoa muito amargurada ao longo dos anos.
Uma das minhas vidas favoritas é quando conhecemos John (Johnny) Marie of Edinburg. Johnny era um gay assumido da corte inglesa por volta de 1400. Ele dava aula de etiqueta e cortesia na corte, além de ter escrito um livro e ser um ótimo costureiro.
Johnny é muito engraçado e até nos conta sobre seus sonhos com Robin Hood, com quem teve um caso em uma vida passada, de acordo com ele mesmo – Sim, é praticamente um inception.
Anhangá foi um índio brasileiro que teve a sorte (ou não) de estar na praia quando os portugueses chegaram ao Brasil. É aqui que somos apresentados a primeira missa realizada em solo brasileiro, seguido por várias tristezas trazidas pelos portugueses, como as doenças. De longe é o capítulo que mais me deixou incomodada, apesar do tom engraçado.
Logo depois conhecemos Henrique Nuno Campos de Morais, o Frei Henriquinho, que residia no Convento dos Capuchos em Sintra, Portugal, por volta do século XVI. A vida do frei muda quando ele desembarca no Brasil e conhece as índias e as “perdições” do país. Especificamente uma índia, mas não vou dar spoilers sobre isso.
Por fim, conhecemos sua última vida passada, isso porque Georgette Tapié de Céleyran morreu alguns anos antes de Mario Prata nascer. Georgette foi uma prostituta manca francesa, amante de Henri-Marie-Raymond de Toulouse-Lautrec-Monfá.
Ela foi a musa inspiradora do pintor, que retratou suas pernas em diversos cartazes de espetáculos parisienses. Por conta de uma paralisia infantil, a moça mancava, mas isso não era problema para Lautrec.
Assim concluímos as seis vidas e descobrimos finalmente quem é o senhor que está em todas elas. De fato, o livro é incrível. Nos faz rir e refletir sobre nossa vida, se de fato acreditamos em vidas passadas e se sim, quem fomos em outras vidas?
Em 2011 o livro deixou a capa sem graça de 1998 de lado e ganhou uma nova cara pela editora Planeta, além de mais duas história das dez vidas passadas de Mario Prata. Agora conheceremos melhor as histórias de Bejinha e Muzinga. Além disso o livro mudou seu título para apenas Minhas Vidas Passadas.
Mas vale a pena ler? O livro é curto, a escrita é fácil, a narrativa te prende e te faz rir com os questionamentos do autor, mas em muitos momentos não deve ser levada tão a sério, já que ele faz diversas piadas com relacionadas a LGBTQI, a mulheres e etc.
Devemos levar em consideração o ano no qual o livro foi publicado, que apesar de não ser tão distante, tinha uma visão ainda mais machista do mundo em que vivemos.
Se você conseguir relevar essas questões, eu tenho certeza que Minhas Vidas Passadas A LIMPO será um ótimo passatempo para você! E eu aposto que você se perguntará, em algum momento, será que isso tudo é ficção ou realmente verdade?
Você só é aquilo que foi! – Leonardo Ramos
Gostou da nossa crítica de Minhas Vidas Passadas A LIMPO? Então confira a nossa resenha sobre o livro Sobre Deuses e Seres Rastejantes.Sobre Deuses e Seres Rastejantes.
Minhas Vidas Passadas A LIMPO
Em Minhas Vidas Passadas A LIMPO, o autor Mario Prata narra seis de suas dez vidas passadas, desde a época de Cristo até os dias de hoje.
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