Quando a Fox cancelou Lucifer após o final da terceira temporada os fãs foram à loucura, muito por conta do enorme cliffhanger deixado ao final do último episódio em que Chloe finalmente vê o verdadeiro rosto de Lucifer Morningstar.
Aproveitando a campanha que conseguiu ressuscitar Brooklyn Nine-Nine, os fãs de Lucifer foram às redes sociais clamar pelo retorno da série e foram ouvidos pela Netflix.
Com o retorno garantido, era necessário mais, era preciso garantir que a trama girasse em torno do desenvolvimento de seus personagens ao invés de focar nos “casos da semana”. Dos 26 episódios da terceira temporada, a Netflix encomendou apenas 10 para a quarta temporada. Essa diminuição na quantidade de episódios foi um acerto e tanto, sem a necessidade de “encher linguiça”, a equipe de roteiristas pode se aprofundar no desenvolvimento pessoal de cada personagem ao mesmo tempo que desenvolvia como plano de fundo o plot de toda a temporada.
Com uma temporada mais compacta e com a chegada de Eva (maravilhosa Inbar Lavi), o novelesco relacionamento entre Lucifer e a detetive Chloe Decker (Lauren German) dá espaço ao surgimento de camadas de personalidades não vistas até então.
Chloe coloca em dúvida seus sentimentos por Lucifer e é visível o sofrimento da personagem, dividida entre o amor e aceitação de que seu amado é o Diabo. Já Eva traz à tona importantes questionamentos sobre o papel da mulher na sociedade, retratada de maneira clichê até perceber que a subserviência a que foi submetida é algo que possa deixar para trás, transformando-se na dona de seu próprio destino.
Se Chloe e Eva puderam entender e crescer com seus papéis nessa trama, é o trio outrora celestial que rouba a cena. Mazikeen (Lesley-Ann Brandt), Amenadiel (D.B. Woodside) e Lucifer (Tom Ellis) veem-se completamente transformados do início ao fim da temporada.
Mazikeen acaba se desprendendo de sua personagem badass e dá vazão aos seus sentimentos relacionados a amizade, amor e a maternidade, revelando mais de seu passado e permitindo quebrar o escudo que a protegia de se relacionar verdadeiramente com as pessoas. Já Amenadiel se vê envolto em dúvidas sobre seu novo papel familiar e as atrocidades cometidas por humanos como o preconceito, lutando para entender como é possível ser agredido e encarado como suspeito por causa de sua cor. O episódio em que retrata tal acontecimento não só mostra ainda mais a irmandade entre ele e Lucifer, como é um dos melhores episódios de toda a série, permitindo que sintamos descaradamente na alma aquilo que milhões de pessoas passam todos os dias, colocando em dúvida toda a sua crença na humanidade.
Mas é Tom Ellis que se destaca novamente com a entrega de um personagem carismático, divertido e problemático. Um Diabo que precisa lutar contra seus demônios interiores, numa jornada de evolução e autoaceitação sobre quem realmente é.
Lucifer não é feita para se levar a sério, a série diverte, entretém e utiliza-se de sua grandiosa base de fãs para testar a fé de seus personagens e provar que aquilo de ruim que é feito pela humanidade é culpa exclusivamente dos humanos e não de um ser sobrenatural, real ou não.
Por fim, ao contar com menos episódios que as temporadas anteriores, a quarta temporada de Lucifer se desenvolve de maneira completamente satisfatória, deixando um pouco de lado os casos policiais e avançando com os dramas pessoais de seus personagens, provando que a Netflix acertou em cheio ao dar uma segunda chance ao Diabo e seus amigos!
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