As primeiras pessoas que nos lembramos ao falar do Homem-Aranha são Peter Parker, tio Ben, tia May, Mary Jane, um ou outro irá lembrar da Gwen Stacy ou do Duende Verde. Mas o que é quase unanimidade é o fato dele representar o maior símbolo de heroísmo da Marvel, talvez por ser o personagem que mais se aproxime de uma pessoa real com contas para pagar, dever de escola para fazer, a coragem (ou falta dela) para chegar na garota que gosta.
E justamente pelos motivos citados acima é curioso dizer que mesmo após seis filmes do personagem, Homem-Aranha no Aranhaverso seja o melhor filme já feito do Homem-Aranha e o primeiro a não ter Peter Parker como o personagem principal.
Aqui somos apresentados a Miles Morales (Shameik Moore), um adolescente do Brooklyn que vive numa realidade onde o Homem-Aranha é um herói consagrado e adorado pelo público. Miles acaba ganhando seus poderes da mesma forma que Peter, pouco antes de um evento que promove a “fusão de universos”, trazendo outros Aranhas para o seu universo.
Apesar da trama envolver realidades paralelas, o filme comandado por Phil Lord e Christopher Miller (Uma Aventura Lego) trata de explicar isso de maneira simples e didática sem tomar muito tempo, permitindo que a trama gire ao redor do relacionamento de Miles com sua família, suas angústias e seu mentor Peter Parker, o “nosso” Homem-Aranha, um herói experiente, separado, sem a tia May e infeliz com os rumos que sua vida tomou. Ou seja, Miles e Peter continuam representando qualquer pessoa sentada no cinema.
Aliás, de certa forma a representação do “nosso” Peter Parker funciona como uma continuação da trilogia dirigida por Sam Raimi, abordando momentos heroicos e hilariamente vergonhosos do personagem. E por ser um personagem que já passou por tanta coisa, Peter torna-se mesmo que a contragosto o mentor perfeito para Miles, permitindo aprender ainda mais sobre si e como dar a volta por cima seja qual for a situação.
Eu sei que é um filme que trata do surgimento de Miles Morales como Homem-Aranha, mas é necessário enfatizar a participação de Peter. Ele representa o fã que cresceu com suas histórias, suas animações, seus filmes e conhecemos cada movimento, cada decisão que ele terá que tomar, é como se cada pessoa no cinema representasse Peter, guiando Miles pelas mãos a fim de torná-lo um Homem-Aranha tão virtuoso quanto seu antecessor.
Com a ajuda de Peter e dos outros Aranhas, Miles consegue entender seu lugar no mundo, seu lugar junto à sua família e principalmente consegue se entender como o novo Homem-Aranha, é como se sempre soubéssemos que esse seria o destino de Miles Morales. Ele é tão ou mais emotivo que Peter, com tantas dúvidas como qualquer um de nós e seu arco dramático no filme beira ao visceral, mas nada disso o impede de vestir a máscara e continuar fazendo aquilo que é certo.
Com uma história bem amarrada e com um trabalho de dublagem excelente (tanto na versão dublada como legendada), resta ainda a Homem-Aranha no Aranhaverso apresentar um estilo gráfico diferente de qualquer coisa já visto no cinema (a ponto da Sony querer patentear a técnica). Não é uma simples adaptação de quadrinhos, são páginas que pulsam na tela e revelam profundidade e aproveitamento de cada centímetro de tela sem apelar para o uso da tecnologia 3D.
Não bastasse as conexões emocionais que o filme proporciona com Peter e Miles, o espectador ainda é agraciado com uma das melhores (senão a melhor) participações de Stan Lee em um filme de super-heróis. Já que Stan teve que se despedir, pelo menos o fez em grande estilo com o maior personagem que já criou, aquele que de fato pode ser qualquer um de nós.
“Todos nós desejamos ter superpoderes. Todos desejamos que pudéssemos fazer mais do que podemos fazer.” E vocês fizeram! Obrigado Stan, Peter e Miles. A máscara nos serviu, ela sempre irá servir.
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