Estreou no dia 31 de maio na Amazon Prime Video a série Good Omens, baseada no livro Belas Maldições, de Neil Gaiman e Terry Pratchett.
Neil é notoriamente um dos maiores escritores de ficção e fantasias da atualidade, obras que levam seu nome ganharam o cinema e agora tomam a TV e serviços de streaming como Lucifer (Fox e posteriormente Netflix) e Deuses Americanos (Amazon Prime Video). Se em Lucifer e Deuses Americanos o escritor não se envolveu diretamente, em Good Omens é visível o lirismo fantasioso do escritor.
Com apenas 6 episódios, a série adota uma trama simplória para mostrar a curiosa amizade entre o anjo Aziraphale (Michael Sheen) e o demônio Crowley (David Tennant) e a tentativa de ambos em impedir que o anti-cristo, filho de Satã traga o apocalipse para o planeta.
A grande sacada de Good Omens é justamente abraçar a insanidade e o humor para transpor em tela a criação de Gaiman e Pratchett. Bruxas, demônios e profecias ajudam desenvolver a fantasiosa jornada de Aziraphale e Crowley.
Apesar de todo o tom fantasioso, é a relação entre Aziraphale e Crowley que dita o tom da série. As atuações de Michael Sheen e David Tennant são verossímeis ao ponto de comprarmos a ideia da existência de real amizade entre um gentil anjo e um demônio que mais parece um rockstar. Acompanhar esse “bromance” desde o início dos tempos e como se colocaram em risco para salvarem um ao outro ajuda a humanizá-los e entender os motivos pelos quais desejam impedir o apocalipse.
A série ainda usa e abusa do humor inglês através de diálogos irônicos característicos da obra de Gaiman e Pratchett, que ajuda a relevar por exemplo, a limitação de verba para uma série tão curta e que deixa a desejar em cenas que precisariam de maior investimento em CGI para transpor ao espectador a grandiosidade fantasiosa do livro.
Ainda assim, Gaiman e o diretor Douglas Mackinnon (responsável por dirigir quase toda a série) encontram formas criativas para representar o céu e o inferno, apresentando-os como o que para nós poderia ser encarado como repartições públicas. Não apenas pela forma estrutural em que são apresentados, mas a burocracia exacerbada e o fato de pouco se importarem com as pessoas soam como perfeitas metáforas para as pessoas que vivem entre o céu e o inferno na dependência de serviços públicos.
A série peca por não dar mais espaço a personagens como a bruxa Anathema Device (Adria Arjona) ou o arcanjo Gabriel, em que John Ham entrega uma atuação escrachada e ameaçadora de um ser que deveria simbolizar a justiça e a verdade.
Por fim, Good Omens diverte na mesma medida que se torna esquecível, tornando-se refém do envolvimento de Gaiman e das atuações de Michael Sheen e David Tennant, mas trazendo um ar fresco para o gênero de fantasia ao apresentar personagens cinzentos com camadas de personalidade que gostaríamos de acompanhar novamente.
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