A vinda de Noel Gallagher ao Brasil para uma série de quatro shows foi anunciada em junho, sendo que São Paulo e Rio de Janeiro eram cidades já confirmadas a receber o show. Curitiba foi oficialmente confirmada para receber o show no final de setembro, em um show que traria também a banda Foster The People em formato de festival, o Summer Break Festival.
Foram pouco mais de 40 dias para a venda de ingressos de um festival que seria realizado na Pedreira Paulo Leminski (com capacidade para até 20 mil pessoas aproximadamente) em uma quarta-feira, com início pouco tempo após o encerramento do horário comercial em uma cidade conhecida por apresentar as quatro estações do ano em um só dia.
Mesmo com todas essas adversidades e numa semana com vários shows marcados na cidade (Pitty, Alice in Chains, Judas Priest, Azealia Banks, entre outros), a chuva deu uma trégua e o público compareceu para o show em bom número.
Foster The People
Pontualmente as 20h a banda de Mark Foster subiu ao palco para uma apresentação de quase 2 horas, tocando muitas faixas do álbum Sacred Hearts Club, terceiro álbum da banda e lançado em 2017.
Foster The People é uma banda difícil de se encaixar em um gênero musical, a banda mistura estilos e batidas que migram do indie rock para um rap dançante que em excesso se torna maçante. Mark Foster é um frontman completo que toca, canta (abusa dos falsetes) e dança de uma forma que parece deslizar de um lado a outro do palco.
Embora com bom público, a impressão que se teve é que muita gente ali não era fã de carteirinha da banda, muitas músicas do show foram cantadas ou dançadas por alguns grupos de fãs espalhados na multidão. Nem mesmo o cover de Blitzkrieg Bop (Ramones) tirou a plateia do chão que parecia estar ali na espera dos hits Pumped Up Kicks e Sit Next to Me.
Noel Gallagher
É comum dizer que para saber se um filme está chato, basta perceber quantas vezes você olha para o celular. Em um show, a situação é inversa. Quanto mais você interage e compartilha o momento que está vivendo, melhor ele está sendo. E ao contrário do que se viu no show do Foster The People, o show do já senhor Noel Gallagher invocou algumas centenas de luzes ao alto na tentativa de capturar o melhor clique ou o melhor vídeo do ex-integrante da lendária banda Oasis.
Se a chuva deu uma trégua para o show do Foster The People, durante o show de Noel ela ameaçou cair em vários instantes em garoas finas e geladas. Contando com uma equipe de nove músicos e a cantora convidada Yseé (dona de uma voz poderosa que pode ser vista e ouvida nas canções Fort Knox e The Right Stuff), Noel interagiu um pouco mais com a plateia fazendo um tipo ranzinza onde se negava a tocar canções pedidas pelo público para cantá-las logo em seguida oferecendo a música aos fãs.
É de se salientar que a banda do cantor é do mais altíssimo nível, que interagem com o público e inclui até mesmo uma “tocadora de tesoura”. Noel apresentou praticamente todo o álbum Who Built The Moon? tirando a plateia do chão com as animadas Holy Mountain e In the Heat of the Moment. Mas é ao deixar a guitarra de lado e pegar o violão para tocar clássicos do Oasis que os fãs vão a loucura com suas versões de Little by Little, Wonderwall e Go Let It Out.
Como que num momento mágico, o clima curitibano resolve participar do show e mandar uma grossa garoa durante a icônica Don’t Look Back in Anger cantada a plenos pulmões pelos fãs presentes na Pedreira Paulo Leminski para lavar a alma de uma noite de um até então morno rock n’roll.
Era um show difícil de agradar o público de ambos os artistas, dadas as diferenças de estilo musical, mas ainda assim, considerando o pouco tempo para venda de ingressos, o dia escolhido e o clima instável de Curitiba, a Pedreira Paulo Leminski e o público curitibano provaram-se novamente dignos de transformar situações adversas em grandiosos shows.
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