Foi exibido nessa semana nos Estados Unidos o Elseworlds, crossover anual do Arrowverso, esse ano numa escala menor que contou com três das quatro séries: Arrow, The Flash e Supergirl, sem as Lendas do Amanhã que neste momento estão enfrentando desafios sobrenaturais.
A trama do crossover envolveu o Monitor, personagem extremamente poderoso da DC Comics entregando o “livro do destino” para o Dr. John Deegan, um psiquiatra do Asilo Arkham, que começa a moldar a realidade ao seu gosto. E como resultado imediato desta manipulação da realidade cria um mundo em que Oliver Queen é o Barry e vice-versa. Precisando consertar a realidade, os dois partem em busca da ajuda de Supergirl na Terra-38 e de quebra, acabam tendo uma ajudinha do Superman.
Diminuir o escopo do encontro anual das séries foi um acerto da CW, permitindo que os roteiristas pudessem construir uma história mais pé-no-chão, focando principalmente no relacionamento de Oliver Queen e Barry Allen. Enquanto Oliver sempre carregue uma carga de culpa em suas costas por tudo que acontece a seu redor, Barry é o eterno otimista que não sacrificaria ninguém para derrotar um vilão, e a história permite que esses dois personagens de personalidades tão diferentes possam se ver no outro, conhecendo aquilo que ambos precisam abrir mão para manter a segurança daqueles que amam.
Se por um lado o encontro dos heróis trabalhou de maneira mais contida as batalhas e focou no desenvolvimento de personagens, por outro permitiu ampliar imensamente o leque de personagens no Arrowverso. Sendo apenas citado por Oliver em um episódio passado, Bruce Wayne foi uma figura presente nesse crossover, não fisicamente, mas o seu legado e sua ausência são motivadores para a personagem de Ruby Rose, a Batwoman.
Mais do que uma participação de luxo para o futuro lançamento da série da personagem, é perceptível que a escolha de Ruby Rose para o papel foi outro acerto da CW, perfeita como Batwoman e tendo ainda mais a explorar como Kate Kane, será interessante acompanhar a escalada da personagem nesse universo. A existência do Batman foi confirmada pela própria Batwoman, bem como o seu sumiço há 3 anos e já aprendemos que quando se trata de quadrinhos, toda e qualquer informação deve ser considerada importante, nada é por acaso. Apesar do Batman nunca ter aparecido em uma série de TV (sabe-se lá por qual motivo), o status do personagem e sua acessibilidade vem passando por alterações e o mesmo deve dar as caras em outras séries como Gotham e Titans, então, é possível crer que o personagem venha a aparecer no Arrowverso, diria eu, no próximo crossover.
Foi estabelecido que tanto Batwoman, Asiko Arkham e o próprio Batman pertencem à Terra-1, mesma Terra de Oliver e Barry. O passeio dos heróis pelo Arkham foi um prato cheio para o fã que gosta de easter-eggs, confirmando a existência de grandes vilões da DC Comics no Arrowverso e mostrando ao telespectador quais os maiores medos/culpas de Oliver e Barry. Houve tempo ainda para Elseworlds homenagear rapidamente Christopher Nolan e Tim Burton, dois diretores aclamados pelas suas adaptações cinematográficas do Homem-Morcego.
Interessante notar o posicionamento de líder de Oliver frente a seres poderosos como Superman e Supergirl. Suas táticas, seu comprometimento e a sua coragem foram determinantes para a resolução do crossover, com um personagem sempre tão amargurado podendo se divertir como super-herói e colocando-se frente a frente com o Monitor para encerrar essa crise que afligia várias terras. Numa conversa para Batman nenhum colocar defeito, o Arqueiro Verde provavelmente colocou seu destino à mercê do Monitor para salvar o universo.
O que virá após o Elseworlds?
Com a resolução do conflito (?), o canal CW não esperou um minuto sequer para confirmar que o próximo encontro será inspirado arco Crise nas Infinitas Terras. De maneira resumida, o arco nos quadrinhos criado por Marv Wolfman e George Perez serviu para unir as diferentes Terras e cronologias, dando um fim à bagunça dos quadrinhos da DC Comics.
O arco deu fim ao conceito de multiverso, tão explorado no Arrowverso com a existência de diferentes Terras e uniu heróis e vilões para tentar impedir esse acontecimento provocado pelo Anti-Monitor. Percebe-se que apesar de ser a figura antagonista de Elseworlds, o Monitor não é uma figura maligna e está se precavendo do real perigo, recrutando heróis que possam impedir a iminente catástrofe.
Elseworlds serviu para mostrar ainda mais Terras ao fãs das séries da DC, destaca-se a participação de John Wesley Shipp como o Flash da Terra-90, (o Flash da série dos anos 90 agora faz parte do cânone do Arrowverso) e seu conhecimento histórico mais avançado em relação ao multiverso e suas ameaças.
Muitas possibilidades se abrem com o fim de Elseworlds e o início de Crise nas Infinitas Terras. O evento vem sendo anunciado desde a primeira temporada de The Flash, com a manchete do jornal anunciando seu sumiço. Mas ao contrário do que se pensava, o evento não se limitará à série do Velocista Escarlate e deverá reunir todos os personagens do Arrowverso, inclusive Raio Negro, herói da DC com uma série no canal CW e que ainda não participou de nenhum encontro com os demais heróis.
E se após sete temporadas estiver chegando o momento de nos despedirmos de Arrow, que seja em grande estilo, com a adaptação de uma das histórias mais aclamadas dos quadrinhos, com o herói se sacrificando para honrar seu acordo com o Monitor, livrando-se da culpa que carrega e salvando o universo DC na TV.
Pois se no cinema a Warner e a DC sofrem para criar um universo coeso com seus maiores personagens, na TV o canal CW dá aula sobre como integrar personagens, desenvolver suas personalidades e contar histórias com os maiores nomes da editora, respeitando seu passado e nos oferecendo uma perspectiva de futuro que promete elevar o status quo de séries de super-heróis a um novo patamar.
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