Muita gente que gosta de cinema, séries e outras produções audiovisuais pode ficar se perguntando como elas são feitas exatamente. Todos os dias, praticamente, temos notícias novas sobre um “novo filme produzido ou dirigido por alguém”, mas quem tem a responsabilidade sobre o filme afinal, o diretor ou o produtor? E qual a diferença entre produtor e diretor de cinema?
O trabalho do(a) produtor(a) pode ou não envolver a participação dele(a) durante a escolha do elenco, as filmagens ou a pós-produção. É claro que, por ser a pessoa que libera a verba, o produtor naturalmente acaba participando, seja indicando (e muitas vezes até vetando) um ator ou atriz para determinado papel, exigindo que alguma cena tenha determinado elemento ou até mesmo cortando no final alguma sequência de que não gostou. E há outro detalhe: o produtor é a pessoa que faz o intermédio entre os patrocinadores de um filme e a equipe que produziu, então ele(a) precisa estar atento para agradar a todos sem comprometer o resultado final. Muitas vezes é ele(a) que bate o martelo nas decisões mais polêmicas também.
Estando nessa posição, a pessoa que assume a responsabilidade de produção de um filme precisa, portanto, ter ótimos contatos comerciais, boa capacidade de administração e administração de conflitos, além de saber muito bem controlar o orçamento. Fora isso, o produtor muitas vezes ainda tem a responsabilidade, junto com o diretor, de contratar todo mundo que vai participar efetivamente do filme, seja na frente das câmeras ou atrás delas. Procurar pelos melhores profissionais, elaborar contratos, negociar valores… tudo isso passa pela figura do produtor.
Já o diretor é a pessoa que assina o filme, o responsável por tudo o que vemos como produto final. Geralmente, o diretor começa a trabalhar a partir de um roteiro (texto já escrito) ou de uma história (texto não finalizado ou que ainda vai sofrer modificações), que pode ter chegado a ele de várias maneiras:
o produtor comprou esse roteiro de alguém e entregou ao diretor para fazer a adaptação (o que acontece na maioria dos filmes baseados em livros);
o produtor encomendou uma história previamente a um roteirista e contratou o diretor para transpor a ideia para as telas (no caso de roteiros originais);
o próprio diretor elaborou um roteiro ou história e decidiu partir dali para a realização do filme.
Há casos em que o produtor encomenda a história diretamente ao diretor, e este vai decidir se elabora sozinho ou se contrata alguém. Ocorre também de um roteirista já ter uma história pronta e procurar um diretor e/ou produtor para tentar ver seu texto adaptado (nesse caso, quanto menos conhecido é o roteirista, menores as chances de isso acontecer, por melhor que seja o texto). A partir do roteiro definido, o(a) diretor(a) vai reunir elenco, figurinistas, câmeras, cenógrafos, especialistas em efeitos especiais e sonoros, músicos, e várias pessoas para auxiliar nas mais diversas tarefas que envolvem as filmagens e a pós-produção (quando vai ser editado todo o material filmado).
Nessa jornada, adaptações ao roteiro inicialmente definido podem ser necessárias, portanto, o(a) diretor(a) precisa ter uma ótima capacidade de improvisação, criatividade para contornar situações adversas e, da mesma forma que o produtor, boa capacidade de administrar conflitos. Mas não basta simplesmente ser um bom administrador, é preciso ter uma sensibilidade artística para conseguir passar aos espectadores as emoções (seja o riso ou o choro) que se pretendia inicialmente no texto. Um bom roteiro é meio caminho andado, mas não define por si só a qualidade do filme, que vai depender muito de como o(a) diretor(a) conduz a realização da obra. Por isso, os críticos de cinema pegam muito no pé do diretor quando um filme não é o que se esperava, porque a responsabilidade sobre o todo da produção é única e exclusiva dele. Pense no filme como o produto final de uma linha de montagem: cada pessoa que participa é um empregado que desempenha uma função específica, mas só o diretor sabe exatamente o que será produzido no final, e até esse momento, o filme só existe na cabeça dele.
Como você já deve ter reparado, o nome de muitos diretores famosos acaba aparecendo como produtor de algum filme. É natural, pois, além de serem pessoas com muitos contatos no meio, esses diretores têm bastante dinheiro para investir em produções que julgam que podem ser sucessos. Muitas vezes, só um nome famoso já ajuda a alavancar a bilheteria, então mesmo que não participe efetivamente do filme, o nome do diretor está lá como produtor. Para os diretores novatos, contar com um produtor de renome pode ser o estopim de uma carreira de sucesso. Outra coisa é que, geralmente, é o produtor que procura um diretor para concretizar alguma ideia, mas o caminho inverso também é bem comum, principalmente quando o diretor tem uma boa ideia mas não tem o dinheiro para dar forma a ela (ou precisa de um empurrão de um nome mais famoso que ele).
Já havia pensado no trabalhão que dá fazer um filme?
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