Com Amor, Creekwood faz parte do mesmo universo de Com Amor, Simon, que virou filme da Netflix e também de Love, Victor, série da qual já falamos aqui, além de outros títulos também lançados no Brasil. O livro da autora Becky Albertalli foi lançado em julho pela editora Intrínseca e tem tudo para se tornar mais um best-seller, quem sabe ganhando mais um episódio em forma de filme também. A tradução dessa versão brasileira é de Ana Guadalupe.
Apresentando o mesmo núcleo de protagonistas da primeira história, Com Amor, Creekwood se passa dois anos depois, quando depois da formatura do colégio Creekwood (vem daí o título) a turma toda já está na faculdade, em meio às novidades e descobertas do início da vida adulta. Ao contrário de Com Amor, Simon, em que temos um narrador, a história aqui é toda contada pelos e-mails trocados entre os personagens.
Sim, e-mails! Mesmo que isso pareça pouco usual para uma comunicação informal hoje em dia (e considerando que a história se passa nos dias de hoje), faz todo sentido na trama. Pode também parecer um pouco confuso no início, principalmente pela ausência total de um foco narrativo, mas é só passar pelas primeiras dez páginas e você começa a entender tudo facilmente.
Justamente pela ausência de um narrador, Com Amor, Creekwood pode também passar a sensação de que não há um conflito motivador ou mesmo que há muitas lacunas entre uma cena e outra. Mas trata-se de uma estratégia narrativa da autora em que o próprio leitor vai preenchendo os buracos para entender o que aconteceu entre uma conversa e outra.
Vale salientar que as conversas mostradas envolvem todos os personagens, portanto, é preciso prestar atenção nas informações (quem envia pra quem e quando) colocadas sempre acima de cada mensagem. Assim, vemos que desta vez, embora Simon continue sendo o principal, ganham destaque também Leah e Abby (que estão namorando e dividindo o quarto na universidade), além, é claro, de entrarmos mais em contato com a voz de Bram, agora oficialmente namorado do protagonista.
Ao compreendermos essa premissa, o livro se torna bem interessante e a leitura flui muito rapidamente, mesmo que você não conheça todo o universo da história ou não se lembre de muitos detalhes dos enredos anteriores. Simon e Bram, apesar de namorados, estão estudando em universidades diferentes e distantes, um na Filadélfia e outro em Nova York, e essa distância está matando Simon, que escreve e-mails mais e mais melosos enquanto Bram tenta se distrair se dedicando a outras coisas, como o time de futebol.
Essa personalidade do protagonista pode se tornar um pouco insuportável em alguns momentos, pois como só lemos os e-mails não conseguimos perceber se ele só está inseguro ou qual a real dimensão do sofrimento dele. Como apontado, essas são lacunas deixadas para o leitor preencher, e a autora faz questão de deixá-las em aberto para que nós mesmos cheguemos a essa conclusão.
Mas o melhor, na minha modesta opinião, é que Com Amor, Creekwood aborda um lado muito legal da juventude de maneira muito madura e natural. Os dois casais principais, um formado por dois meninos e outro por duas meninas, não estão ali solicitando aprovação do leitor: eles são assim, se amam assim e para eles é tudo muito simples, como na verdade deveria ser o amor entre duas pessoas, independentemente do sexo e dos julgamentos da sociedade. E o relacionamento, como podemos perceber, é real, com inseguranças, medos, angústias, mas sobretudo muita felicidade.
Lógico que depois de passarem pela identificação com sua sexualidade, vencendo as barreiras que eles acreditavam ter, esses jovens agora querem mesmo é aproveitar seu tempo juntos. Além disso, eles mesmos estão mais maduros, por isso a autora consegue nos apresentar esse universo dessa forma mais natural. E mesmo não tendo exatamente um conflito condutor dos eventos, não há como chegar ao final e não ficar surpreso.
Então, caso você já seja fã do universo de Com Amor, Simon, sem dúvida alguma Com Amor, Creekwood vai te encantar mais uma vez. Com personagens cativantes, uma trama bem elaborada e reviravoltas surpreendentes, Becky Albertalli acerta mais uma vez e nos faz desejar muito mais um episódio para acompanharmos a vida desses jovens encantadores.
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