Tudo começou com uma mensagem de um amigo:”Eu tenho Netflix agora, assisti uma série muito boa e conheci a autora num debate”, normalmente não seria a série que eu veria, ainda mais nos tempos atuais, em que estou buscando algo para relaxar e não mais um drama. Porém, a nova minissérie da Netflix (lançada no dia 26 de março), Nada Ortodoxa surpreende e apesar de emocionar e fazer chorar, é uma história muito linda que precisa ser vista e compartilhada.
Em Nada Ortodoxa, logo de início já somos surpreendidos com a fuga de Esther (Shira Haas), uma adolescente criada dentro da seita hassídica Satmar no bairro de Williamsburg, em Nova York, em meio às celebrações do Shabat. Ela leva poucas coisas, o suficiente para caber em seu próprio corpo, deixa para trás um casamento arranjado e encontra uma amiga que já tinha tudo preparado para que a jovem pudesse embarcar para a Alemanha, onde mora a sua mãe.
Essa também é a história da biografia de Deborah Feldman, em Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots (em tradução livre, Nada Ortodoxa: A escandalosa rejeição das minhas raízes hassídicas), que serviu de base para a criação da série, com algumas modificações a partir do momento da chegada da jovem a Berlim, como é explicado no Making of disponibilizado pela própria Netflix – um extra de 20 minutos muito enriquecedor. A partir desse momento, o encontro da jovem com os músicos da universidade e sua busca por um talento para que possa adentrar o universo deles, é uma nova história, com os flashbacks da vida de Deborah Feldman.
Nada Ortodoxa foi inteiramente filmada em Berlim e as cenas são incríveis, de grande poesia, que chegam a arrepiar. E a escolha do local não foi por acaso ou apenas porque foi também onde Deborah passou a morar, Berlim possui uma grande diversidade cultural (como podemos ver pelas nacionalidades múltiplas dos personagens) que acolhe muitos imigrantes, apesar da triste história do passado, marcada por muitos comentários dos personagens judeus.
Maria Schrader é responsável pela direção da minissérie, enquanto Anna Winger e Alexa Karolinski são responsáveis pelo roteiro. São ao todo apenas 4 episódios que podem ser vistos sem interrupções como um filme.
Posso classificar Nada Ortodoxa como uma minissérie apaixonante, com personagens envolventes, que te conquistam em poucos minutos, especialmente Shira Hass. A atriz principal tem as melhores expressões e nos faz entrar em seu papel e torcer por ela em seu novo caminho de vida. Uma jovem contemporânea em busca de sua voz e seu lugar no mundo.
Outros dois personagens podem ser considerados como maravilhosos, Yanky (Amit Rahav), o marido ingênuo de Esty e Moische (Jeff Willbusch) o primo de aspecto violento, disposto a tudo para trazer a menina de volta. Esse último também demonstra que possui seus próprios problemas com as imposições da religião, enquanto o ator, Jeff Willbusch diz ter se identificado muito com o roteiro, por ter vindo de uma comunidade Satmar de Jerusalém e radicado na Alemanha.
Outro destaque inovador para a série Nada Ortodoxa está na linguagem, o iídiche, algo muito incomum em uma plataforma de streaming como a Netflix. O valor também pode ser dado ao vestuário, maquiagens e ambientação, que vai da iluminação até os detalhes dos prédios onde vivem as pessoas da comunidade. Cada milímetro parece ser de extrema importância para o trabalho da série e de fato trazer a sensação de que estamos envolvidos no enredo. Nada parece escapar ao olhar dos responsáveis e o resultado é compensador.
Deixo aqui uma lição, abra a sua mente para conhecer novas culturas, sem julgamentos, como é feito em Nada Ortodoxa, é uma experiência enriquecedora e viciante, você não vai sair dessa série de mãos vazias e seu coração estará cheio.
Confira o trailer oficial:
https://www.youtube.com/watch?v=-zVhRId0BTw
Você pode conferir a série completa aqui.
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