A ciência já era tema de programas de TV muito antes da popularização dos serviços de streaming e de canais do YouTube. À medida que o meio de transmissão se moderniza, modernizam-se os programas, e Mundo Mistério, série de Felipe Castanhari que estreou ontem (04) na Netflix, é a prova disso.
A ida de Castanhari para a Netflix é cercada de algumas polêmicas. A primeira foi a decisão do Youtuber em deixar de produzir conteúdo apenas para o YouTube; a segunda foi a polêmica de internautas que levantaram acaloradas discussões sobre Castanhari tomar o espaço de historiadores e outros profissionais em seus vídeos, já que não teria formação para tal.
Mais do que ser historiador, geólogo ou coisa parecida, é necessário ser um comunicador para que um canal tenha sucesso, feito de Castanhari com o Canal Nostalgia no YouTube, trabalho que não foi conquistado sozinho, já que os vídeos sempre contavam com a colaboração de especialistas de diversas áreas.
Ao levar seu conteúdo para a Netflix, acaba atingindo um público ainda maior que o de seu canal, tendo em vista que o serviço de streaming deixará Mundo Mistério em destaque para seus mais de 15 milhões de assinantes. E, com isso, as pedradas são maiores, Castanhari deixa de ser um “Youtuber” e torna-se produtor, apresentador e idealizador de um programa de destaque do maior serviço de streaming do mundo.
Com oito episódios, a série foca em temas com maior apelo popular, viagens no tempo, pestes, Triângulo das Bermudas, apocalipse zumbi e até mesmo inteligência artificial (que rende um dos melhores episódios da temporada).
Castanhari não está sozinho na apresentação da série, o elenco ainda conta com Lilian Regina como a Dra. Tayane, Bruno Miranda como o zelador Betinho e Guilherme Briggs como a voz da inteligência artificial BRIGGS.
E é justamente na interação dos personagens que está seu ponto fraco, uma série que se propõe a tratar de ciência, que reforça que o uso de termos como “peste negra” e “lista negra” podem soar de maneira pejorativa, não pode em hipótese alguma utilizar o personagem do zelador para associá-lo a uma pessoa com poucos estudos ao associarem em vários momentos como um estudante do supletivo. Se a mensagem que a série queria passar seria de que nunca é tarde para uma pessoa voltar a estudar e buscar conhecimento, falhou na transmissão da mensagem.
Os episódios de Mundo Mistério têm entre 25 e 28 minutos, tempo ideal para um vídeo do YouTube, mas que passa voando no serviço de streaming, sinal que o conteúdo é bom e prende a atenção do espectador. Se por um lado o conteúdo apresentado visa ao entendimento do conteúdo por diversos públicos, por outro aparenta que o programa apenas arranhou a superfície de temas que poderiam ser mais explorados, mas nada que não possa ser ajustado em uma nova temporada.
É impossível não associar Mundo Mistério ao Mundo de Beakman, o programa do cientista maluco que fazia sucesso nos anos 90 e era apresentado por Paul Zaloom, que vejam só, era “apenas” um ator, não era professor, geólogo ou nem mesmo historiador. Isso prova novamente que o carisma e o dom para a comunicação é ingrediente fundamental para que o público se interesse pelo programa.
Contando com visual que falará diretamente com o público jovem, informações claras, dinâmica bem humorada e conteúdo educacional, o programa se sustenta de maneira satisfatória, sendo um alento (principalmente) aos jovens que gostam de curiosidades e conteúdos históricos e que, por conta da pandemia, encontram-se em isolamento social numa rotina de estudos online que nem sempre é tão divertida assim.
E se a inteligência artificial BRIGGS rouba a cena em diversos episódios, um outro dublador amado pelo público brasileiro também faz uma pequena participação no último episódio.
Se Mundo Mistério for além da superfície dos conteúdos abordados, poderá entrar no radar de um público ainda maior, provando-se um ótimo programa de conteúdo informativo para jovens de todas as idades.
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O conteúdo da série parece ser bom, mas pelo amor de Deus, misturar ciência com comédia? Assisti até a metade do 2o episódio e desisti da série. Sou fã de ciência, aquelas tentativas de comédia de 5a categoria que ele e o personagem do porteiro tentam fazer não tem como encarar. Bola fora total. É que nem misturar feijão com chocolate, nada a ver.