O Código Bill Gates ou Inside Bill’s Brain: Decoding Bill Gates, a série documental sobre a trajetória do filantropo bilionário e fundador da Microsoft, estreou na última sexta-feira (20) na Netflix.
Os três episódios, de mais ou menos 50 minutos, mostram Gates em situações normais que nunca vimos antes, praticando tênis, fazendo trilha, tirando uma semana sabática em uma no lago para ler diversos livros (ok, não tão normais assim), remando, em um bate bola de perguntas rápidas sobre suas preferências e nos contando mais sobre sua infância e seus familiares.
O Código Bill Gates também é formado em volta de Melinda Gates, sua esposa e co-fundadora na Fundação Bill e Melinda Gates. Aqui podemos saber como o casal se conheceu, como foi o seu primeiro encontro e como a relação se desenrolou até os dias atuais.
A série foi dirigida e criada por Davis Guggenheim, reconhecido pelo documentário vencedor do Oscar, Uma Verdade Inconveniente. Com Al Gore no comando, o projeto ajudou a tornar o aquecimento global um assunto recorrente na mídia e na boca do povo.
Em O Código Bill Gates, cada episódio possui um tema central, que de alguma forma traz a tecnologia como parte da solução, dentro disso o roteiro desenrola pontos sobre a vida de Gates e acompanha sua rotina atualmente. Um ponto extra para a sua abertura, que é de longe uma das mais inteligentes e legais que já vi.
O primeiro episódio é focado nos esforços da Fundação para criar medidas eficientes de saneamento básico em países de baixa renda. É interessante acompanhar a descoberta do problema até a sua quase solução. Ainda há muito a ser feito, mas o que Bill, Melinda e todos que de alguma forma participam do projeto fizeram, já é um grande passo para que doenças simples não acabem com a vida da população.
Na continuação podemos entender melhor a luta para erradicar a pólio e como a tecnologia ajuda a entender as melhorias que precisam ser feitas nos programas de vacinação. Já no último episódio acompanhamos o desenvolvimento de um reator nuclear que – apesar de contraditório – poderia ajudar o planeta na criação de um novo tipo de combustível, deixando de lado aqueles que estão acabando com ele.
Como o título já diz, O Código Bill Gates busca conhecer melhor a complexidade do bilionário, certo? Errado! Não é bem isso que a série se propõe a nos mostrar, não que isso seja algo ruim, mas o que menos vemos aqui é a decodificação do cérebro de Bill.
Sim, nós podemos ver vários aspectos da intimidade do fundador da Microsoft, mas o foco aqui são os projetos que Bill e Melinda se envolvem para, de certa forma, mudar o mundo.
Apesar de citar rapidamente alguns momentos polêmicos de Gates na Microsoft, como quando a empresa foi acusada e condenada em primeira instância por formação de monopólio, com o desenrolar entendemos que essa não é a proposta da série.
Até porque aqui não conhecemos a fundo William Henry Gates – nesse quesito temos pontos mais superficial, como quando ele admite ter sido ingênuo após a acusação enfrentada pela Microsoft ou quando nos mostram sua relação com seus pais, sendo um adolescente intolerante em muitos aspectos – o que nos é apresentado é um registro sobre projetos e pessoas que estudam, trabalham e ajudam nosso planeta num todo.
Portanto, de forma alguma o documentário se torna irrelevante. Entender que Bill também se desgasta para resolver problemas, mesmo tendo o dinheiro, o tempo e a vontade necessária, é o ponto alto. E é ainda mais importante entender que mesmo assim ele continua estudando e trazendo diversas mudanças para o nosso mundo.
A série é ruim? Nem um pouco, muito pelo contrário. Essa abordagem não é, em nenhum momento, desinteressante. Compreender a necessidade da fundação e até mesmo de Bill e Melinda para o mundo é muito mais importante do que apenas decifrar o cérebro de um gênio, mas saiba que se você procura por uma biografia, para saber sobre os altos e baixos da trajetória do americano guiando a Microsoft e lidando com as dificuldades de uma fundação filantrópica, não é isso que você irá encontrar.
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