Mais uma série brasileira estreou na Netflix, Bom dia Verônica. Ela está no top 10 do serviço de streaming desde a sua chegada e é uma ótima pedida para os fãs de séries investigativas, dessa vez em São Paulo, com cores bem abrasileiradas e tratando de um tema que merece ser discutido com maior frequência, o feminicídio.
A história é baseada no livro homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes (que o escreveram sob o pseudônimo Andrea Killmore). O roteiro ficou por conta dos próprios Casoy e Montes e a direção por José Henrique Fonseca, Rog de Souza e Izabel Jaguaribe. Grandes nomes da televisão brasileira estão no elenco e dão um show de atuação do primeiro ao último episódio, como Tainá Müller, Eduardo Moscovis e Camila Morgado.
A trama de Bom dia Verônica conta a história de Verônica Torres, uma escrivã da Delegacia de Homicídios de São Paulo. Um dia, porém, uma mulher aparece com a boca machucada, para denunciar um caso de abuso sexual. Desesperada e percebendo que o caso não seria resolvido, ela se mata com a arma de um policial. Após o caso, Verônica dá uma entrevista pedindo para outras mulheres denunciarem casos de abusos. Uma mulher, então, liga para a delegacia e diz que sua vida está em perigo. A escrivã decide que vai até o fim na investigação dos dois casos, que envolve um golpista da internet e o outro, a esposa subjugada pelo marido, um homem poderoso e também um serial killer.
A série Bom dia Verônica é maravilhosa e impossível de não ser maratonada, com 8 episódios de menos de uma hora e uma trama muito envolvente, com história de assassinato e corrupção. As atuações são incríveis, com muito crédito para a atriz principal, Tainá Müller. Não fica para trás em nada das famosas séries de investigação, lideradas por outras mulheres, com problemas pessoais, dispostas a tudo para solucionar um crime.
Em outro lado da narrativa de Bom dia Verônica temos o arco de Janete e Brandão, com os atores Camila Morgado e Eduardo Moscovis, que interpretam papéis complexos e difíceis. Eles nos fazem muitas vezes sofrer e virar o olhar, com um marido amedrontador e uma esposa que sofre diversos tipos de abusos.
Para os fãs da obra literária homônima, lançada em 2016, pode parecer que a série deu uma amenizada no tratamento dos temas, desaparecendo alguns, como a necrofilia por exemplo. Diversas cenas de violência também são ocultadas e as torturas praticadas por Brandão não são mostradas. A personagem principal também tem algumas atitudes um tanto duvidosas e é bem menos palatável do que a interpretada na série. Porém, na minha opinião, as mudanças foram válidas e não fazem a série perder o foco na importância de tratamento do tema.
Bom dia Verônica foi muito bem sucedida em tratar não apenas do feminicídio no Brasil, que segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), é o país que ocupa a 5ª posição em maior número de casos, mas também outras formas de violência contra a mulher, como é o caso do gaslighting, um tipo de violência psicológica, em que a vítima é manipulada para acreditar-se culpada por atos não cometidos por ela.
Assim, a produção traz muita qualidade, como é de costume pela Netflix, com fotografia impecável, cores que trazem o clima noir desejado e uma direção excelente. Mas, não podemos nos esquecer do debate trazido por Bom dia Verônica e fazer com que esse debate vá adiante, lembrando que não é preciso existirem ataques físicos para existir o crime de ódio contra a mulher e a importância de denunciar o agressor.
Os temas são muito delicados e termino essa crítica batendo palmas para a produção, que se esforçou em tratar de todos de uma maneira muito sensível, sem banalizar e espetacularizar os atos, mesmo dentro de uma série com muita ação e uma trama intensa e agitada, aos moldes da cidade de São Paulo.
Você pode conferir a primeira temporada de Bom dia Verônica na Netflix.
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