Quase dois anos após o lançamento da primeira temporada, Homecoming volta com tudo para a Amazon Prime Video, trazendo uma segunda temporada bem comentada e criticada por não ser muito bem o que as pessoas esperavam.
A série ficou conhecida por trazer a famosa Julia Roberts encenando um papel principal na televisão. Na segunda temporada, porém, ela permaneceu apenas como produtora executiva, cedendo o espaço para Janelle Monáe. Outra diferença marcante foi a saída de Sam Esmail da parte criativa, que ficou apenas como um dos produtores executivos, e abriu caminho para Kyle Patrick Alvarez trabalhar como diretor dos episódios.
Homecoming foi adaptada de um podcast de Mica Bloomberg e Eli Horowitz, que continuaram escrevendo essa segunda temporada, e além da Janelle Monáe, que está como sempre perfeita no papel, o elenco ainda conta com Stephan James, Hong Chau, Chris Cooper e Joan Cusack.
Para quem foi afetado pela série e ficou com problemas de memória, aqui vai um resumo da primeira temporada: Heidi Bergman (Julia Roberts) é uma assistente social que trabalhava como terapeuta para uma empresa privada chamada Geist, no programa Homecoming. Esse programa dizia ter o intuito de ajudar soldados a tratarem seus traumas pós-guerra e retornarem à vida civil, o que descobrimos mais tarde ser mentira. No prédio, os soldados recebiam uma droga experimental que os fazia esquecer dos acontecimentos durante sua estadia no exército e acabavam retornando para seu antigo posto.
A série brinca muito com flashbacks, enquanto no presente, Heidi parece não se lembrar de nada do que ocorreu, mesmo depois de ser interrogada pelo responsável pela investigação do que teria ocorrido na empresa (Shea Whigham). Vamos acompanhando, então, ela tentando reunir esse quebra-cabeças de seu passado. Vemos que ela se envolve com um dos pacientes, Walter Cruz (Stephan James) e acaba impedindo que ele retorne para o exército, dando para ele, misturada na comida, a medicação dobrada, consequentemente, o fazendo esquecer de tudo e começar uma vida nova na Califórnia.
Esse resumo não traduz nem metade da experiência de ver Homecoming, que acaba sendo não apenas um suspense qualquer, mas trabalha com uma estética única, deslumbrante de ser acompanhada. Por esse motivo, a segunda temporada foi muito esperada pelos fãs e acabou decepcionando um pouco.
Todos esperávamos por uma nova história, talvez continuação da anterior, talvez uma totalmente nova, mas não foi o que entregaram. Podemos dizer que Homecoming não pode ser considerada uma antologia, já que a temporada serviu melhor como epílogo. Ela não introduziu uma nova história e sim trabalhou em torno do que aprendemos sobre a primeira temporada e foi além do que o podcast já nos apresentou.
A segunda temporada se inicia com uma mulher (Janelle Monáe) acordando num barco à deriva, chamando por ajuda para a figura de alguém que desaparece no meio das árvores. Ela não se lembra do seu nome, mas através de uma identidade que encontra em sua bolsa, acredita ser Jacqueline Calico, e por causa de sua tatuagem, acredita ter sido uma militar. A partir daí, ela tenta retraçar seus passos para descobrir quem ela é e como foi parar ali.
Assim como na primeira temporada, a série trabalha com os flashbacks, porém de maneira diferente, sem aquela diferença de imagem, na qual o passado era normal e retangular e no presente, quadrada. A utilização do recurso de retornar ao passado é, também, menos utilizada, basicamente apenas nos primeiros episódios.
A importância nos detalhes em Homecoming persiste. Todas as cenas são essenciais para a trama, mesmo que seja apenas um melão em cima de uma cama de hotel, ou a memória de um conjunto de toalhas vermelhas. Aos poucos vamos construindo a história ao redor dos acontecimentos da primeira temporada, por exemplo, relembrando aquele momento em que Heidi volta para o prédio da Geist e já não encontra nada (vemos, então, que esse acontecimento ocorre depois dos que são apresentados na segunda temporada).
É muito bom ver o retorno de alguns personagens também, como o paciente Walter Cruz, que acaba sendo essencial para toda a história e Audrey (Hong Chau), que aparece no final da primeira temporada e ganha um papel central nessa temporada.
Homecoming mantém a elegância de suas cenas, todas simétricas, e a câmera, que foi tão comparada a maneira de enquadrar de Alfred Hitchcock. Os cenários, que parecem todos antigos, com suas cores mornas, continuam dando as caras, juntamente com aquele final característico dos créditos aparecendo e a cena acontecendo de fundo, sem música alguma.
O trabalho da atriz principal, Janelle Monáe é fantástico, ela consegue demonstrar força e audácia em algumas cenas, em que ela mente descaradamente para seu interlocutor, e ao mesmo tempo, fraqueza e confusão, quando não consegue se recordar de sua identidade.
Outro ponto alto dessa temporada de Homecoming é a trilha sonora, composta por Emile Mosseri, que ajuda a construir a tensão das cenas. Lembrando que na temporada anterior algumas trilhas sonoras de conhecidos filmes de suspense haviam sido utilizadas, como os de Hitchcock e De Palma, para a alegria dos fãs do gênero.
Então, apesar dos muitos problemas dessa temporada, podemos dizer que ela foi bem executada em sua proposta e manteve a essência da série. Muito boa para maratonar, com episódios curtos. Eu, pessoalmente, me diverti em preencher os espaços em branco deixados pela primeira temporada.
Homecoming continua sendo uma série que nos coloca em um espaço de desconforto, onde até mesmo os nossos pensamentos podem nos trair. Ela nos faz ver que aparências podem enganar, que o ser humano é muito complexo e que ele é capaz de mudar completamente, até mesmo para modificar as memórias de outro. Em Homecoming todas as possibilidades precisam ser colocadas na mesa.
Você pode ver a primeira e a segunda temporada na Amazon Prime Video.
Confira o trailer da segunda temporada:
E você, já viu Homecoming? O que achou da segunda temporada? Comente aí e deixe sua sugestão.
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